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sábado, agosto 22, 2009

LAYS...

Esse texto foi escrito por mim por ocasião do aniversário de dezoito anos da minha filha Lays... (02/11/2004)


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LAYS

Há dezoito anos...

Algo não ia bem... Sentia-me mal, mas nenhuma dor me consumia, na verdade, era apenas uma ansiedade que doia. Era um misto de ansiedade nata com uma ansiedade adquirida no decorrer de nove meses de espera. Espera que parecia não ter fim, parecia uma eternidade. Eu andava de um lado para outro e viajava na curva da minha barriga. Os pensamentos iam longe, talvez em busca do seu rosto, dos seus olhos, das suas mãozinhas e pezinhos... Como seria esse ser que estava abrigado em meu útero? Seria um menino? Uma menina? Viria com saúde? Meu olhar perdia-se num horizonte imaginário que se formara em minha frente. "Está na hora", "hospital", "médico", "carteirinha do pré-natal", "enxoval do bebê"... Vozes que sumiam ao fundo dos pensamentos e dissipavam-se deixando apenas um leve vestígio de um eco distante...
O caminho para o hospital era uma estrada num sonho lindo. E os pensamentos... Ah! Estes estavam lá, perseguindo-me. Eram tantas as dúvidas que preferia não pensar, apenas deixar que tudo acontecesse. Mas o fantasma do futuro não costuma dar paz a quem tem um filho prestes a nascer.
O parto, dar à luz, ouvir o choro, ver o rostinho, os olhos, as mãos e os pezinhos... É tão pequenino esse ser, essa "linda garotinha", como definiu o médico. "Linda garotinha sem nome". Deveria, é claro, ter um, mas qual? Deveria ser parecido com ela - delicado e pequeno, mas expressivo e com personalidade. Um nome... um sobrenome....
Lays - esse foi o nome escolhido por um Pedro (tio querido), já que o João Pedro não veio.
Tantas coisas aconteceram, um problema nos olhos, cólica, troca do dia pela noite, bronquite alérgica, disritimia nervosa - obstáculos difíceis para uma criaturinha tão frágil... Passou! Nada como o tempo para curar grandes e pequenos problemas, que no futuro passam a ser tão insignificantes que a lembrança custa a capturá-los.
Quanta mudança uma criança traz! Muda o corpo, muda a mente, muda o cotidiano, muda a vida, mudam-se os hábitos, os horários, os valores; mudam-se os sentimentos e, aquele amor que já era grande antes do nascimento, vai aumentando, aumentando, aumentado e cria uma dimensão tão exacerbadamente grande que o coração precisa se expandir sobremaneira para conseguir acomodar tanto sentimento. Mas ele consegue, afinal, coração de mãe é imensurável!
E o tempo passa e arrasta as dificuldades e tudo o que resta é saudade. Saudade do chorinho de fome, do chorinho de dengo, do chorinho do "quero colo"; dquele sorrisinho maroto que encanta a todos; do primeiro dentinho que, sozinho na boca, deixa o sorriso mais charmoso; da exploração do espaço, o engatinhar para alcançar um objetivo, mesmo que seja um simples brinquedo; os primeiros passinhos... Aplausos! Ela conseguiu andar uma distância de cinquenta a sessenta centímetros - vitória!; da descoberta dos objetos, dos brinquedos, do querer isso ou aquilo; da primeira palavra pronunciada e das várias outras que se seguiram na fase "papagaio" - aquela em que se repete tudo que se ouve sem saber exatamente o que significa; aí vem a descoberta da televisão, dos desenhos animados e dos porquês; é hora de ir para a aula - lancheira, lápis de cor, giz de cera e muito desenho; o tempo vai passando, os anos vão passando e uma palavra ainda não havia aparecido nessa história, surge de repente - responsabilidade! Anos de estudo e agora a tão sonhada faculdade... Namorado, projetos de vida, sonhos... Esta é a minha filha!
Desde aquele dia em que "uma linda garotinha" nasceu até hoje, passaram-se dezoito anos e a rapidez foi tamanha que mais pareceram dezoito dias. E a sensação de perda dói tanto que procuro viver intensamente cada segundo ao seu lado. Digo "perda" porque o tempo (volto a retomar o tema), é vilão nesses casos em que as mães têm que trabalhar e estudar e "perdem" a chance de ficar mais tempo com seus filhos. Mas, nós, mães modernas, conscientizamo-nos de que não se pode querer e ter tudo, é preciso abrir mão de algumas coisas em função de outras... E a que preço, meu Deus!!!!
Quando olho para você hoje, Lays, vejo, não mais aquela menininha loirinha que eu enfeitava como uma "peruinha" (como você sempre disse). Hoje vejo uma mulher, com firmeza de propósitos, determinada, ajuizada, de personalidade forte, porém, de coração "mole", equilibrada, com valores e princípios bem definidos. Em algumas situações, chego a surpreender-me com tanta maturidade, ponderação e senso de justiça. O que mais pedir a Deus? Eu não preciso de mais nada! Presente? O maior que Ele podia me dar, já deu: é você! Posso pedir algo sm: apenas que a conserve assim, exatamente assim, e lhe dê o que de mais importante uma mãe pode pedir para um filho: saúde, felicidade, paz, amor, sucesso, realização pessoal e profissional e tudo, tudo de bom, tudo de melhor...
Reluto muito em aceitar quando as pessoas dizem que "criamos os filhos para o mundo". Meu egoísmo ainda não permitiu-me atingir esse grau de perfeição... Para mim, você sempre foi e sempre será a minha menininha; aquela loirinha, meiguinha e "peruinha"!!!Por tudo que eu sou, por tudo que você é e por tudo que somos uma para a outra, quero que saiba que tudo que eu disser pode parecer "lugar comum", "frase feita", mas não é! Vem de dentro, vem da alma, vem do coração... E, "lugar comum" ou não, acredite: Você é a coisa mais importante da minha vida!

Amo você com todas as forças que só as mães têm...

Beijos da sua e sempre sua

Mãe,

Silvana.

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