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sábado, setembro 26, 2009

APÓS 9 MESES DE NOVA ORTOGRAFIA NO BRASIL, ADOÇÃO EM PORTUGAL É INDEFINIDA

26/09/09 - 08h00

- Atualizado em 26/09/09 - 08h00


Após 9 meses de nova ortografia no Brasil, adoção em Portugal é indefinida

Apesar de manifesto, tema está fora da campanha eleitoral portuguesa.
Logo após entrar em vigor, editoras brasileiras já atualizaram dicionários.
Fernanda Calgaro e Giovana Sanchez
Do G1, em São Paulo

Há nove meses adotada no Brasil, a reforma ortográfica ainda não tem um cronograma oficial para ser aplicada em Portugal. Ratificada por quatro países (Cabo Verde e São Tomé e Príncipe também assinaram o acordo), a mudança nas regras ortográficas tem causado polêmica entre os portugueses.

Veja também: Imprima o guia da reforma ortográfica

Apesar de não estar na pauta das campanhas para as eleições gerais deste domingo (27), o tema foi parar na Assembleia em maio deste ano, quando uma petição para tentar reverter o acordo foi assinada por 113.206 pessoas e discutida na Comissão de Ética e Sociedade.

Um dos signatários, o escritor e ex-deputado do Parlamento europeu Vasco Graça Moura, diz que a reforma é "uma barbaridade e um chorrilho de asneiras, que não permite atingir qualquer unidade da língua". Ele acredita que ainda é possível reverter o acordo legalmente. "É inconstitucional, face à Constituição Portuguesa, ainda não foi ratificado por todos os países signatários e é impossível aplicá-lo sem a existência de um vocabulário ortográfico assente e acordado entre todos os países que começaram por subscrever o documento, além de criar inúmeros problemas às crianças, aos professores e aos idosos, sem nenhuma contrapartida útil."

Já para o professor de literatura da Universidade de Coimbra Carlos Reis, a reversão política da adoção do acordo não é aplicável, pois constituiu um "ato político democraticamente legitimado". Se isso acontecesse, segundo ele, seria um "ato de denúncia unilateral" que prejudicaria a imagem do país.

Em entrevista ao G1, o professor Reis disse acreditar que, apesar das resistências, o próximo ano será o da disseminação e o da progressiva aceitação da nova ortografia. "Há jornais que já a adotaram e ainda recentemente a Associação de Professores de Português apelou ao Ministério da Educação no sentido de “forçar” a edição de livros escolares em harmonia com o acordo ortográfico. E está para breve a publicação, em Portugal, de um vocabulário ortográfico da língua portuguesa, instrumento importante, mas não decisivo, para que se resolvam algumas (poucas) dificuldades que a nova ortografia levanta."
A reforma no Brasil
No Brasil, não houve grande polêmica em relação à reforma ortográfica. Desde que o novo acordo entrou em vigor, em janeiro, as escolas já passaram a ensinar as novas regras, que começaram a ser aceitas nas provas dos vestibulares. Veículos de imprensa também aderiram imediatamente.

Da parte das editoras, houve uma preocupação em atualizar logo os dicionários, livros de gramática e os didáticos, apesar de o prazo de adaptação acabar em dezembro de 2011.

“Professores de português e tradutores, por exemplo, vieram atrás dos novos dicionários e livros de referência. Essas obras precisaram, obrigatoriamente, estar atualizadas”, afirma Fabio Herz, diretor comercial da Livraria Cultura.

Os demais livros, como os de literatura e os técnicos, porém, só são editados com as novas regras de acordo com a demanda. “As obras prontas não são modificadas. Quando um livro precisa ser reimpresso, ele sai revisado, mas isso acontece conforme o fluxo de venda”, afirma Joaci Pereira Furtado, editor de literatura e ensaio da Editora Globo. “Antes de o prazo de adaptação terminar, no entanto, teremos que passar um pente fino em todos os livros do catálogo.”

Mesmo no caso dos livros ainda com a regra antiga, as vendas não sofreram nem abalo. “A nova ortografia -que mexeu muito pouco no Brasil- não elimina a qualidade do conteúdo existente. As obras de referência ficaram obsoletas, mas não penso que ninguém vá deixar de comprar um clássico, como “Cem Anos de Solidão”, porque os tremas ainda estão lá”, avalia Frederico Indiani, diretor de compras da Livraria Saraiva.

José Carlos Honório, que há 27 anos cuida do acervo dos livros de artes da Cultura, é da mesma opinião. “As pessoas não estão muito preocupadas com isso quando compram um texto literário. Não é a falta da nova ortografia que vai depor contra o trabalho de um poeta ou escritor.”
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