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quinta-feira, janeiro 28, 2010


28/01/10 - 16h10 - Atualizado em 28/01/10 - 19h49

Morre aos 91 anos o escritor norte-americano J.D. Salinger

Autor de 'O apanhador no campo de centeio' estava em casa.
Morte foi em decorrência de causas naturais, diz filho.

Do G1, com agências
 
Ampliar FotoFoto: AP

O escritor norte-americano J.D. Salinger, em fotografia de 1951. (Foto: AP)

O escritor J.D. Salinger, autor de "O apanhador no campo de centeio", morreu nesta quarta-feira (27) aos 91 anos, confirmou ao G1 a agência literária do escritor, Harold Ober Associates, em Nova York.
De acordo com um comunicado enviado por e-mail pela agência, "Salinger morreu em paz" e de "causas naturais". "Apesar de ter quebrado sua bacia em maio, sua saúde estava excelente até uma recaída súbita depois do ano novo. Ele não estava com dores nem antes nem na hora de sua morte", segue a nota (leia a íntegra).
Ainda de acordo com a Harold Ober Associates e "preservando seu desejo de toda uma vida para proteger e defender sua privacidade, não haverá velório", e a família pede para si o mesmo "respeito que as pessoas tinham por ele, sua obra e sua privacidade". 
No momento de sua morte, o escritor estava em sua casa em New Hampshire, onde vivia em isolamento havia décadas. 
O romance "O apanhador no campo de centeio", com seu imortal protagonista - o rebelde Holden Caulfield -, foi lançado em 1951 durante o período da Guerra Fria. A história de alienação juvenil e perda da inocência foi adotada por adolescentes em todo o mundo e ainda vende cerca de 250 mil cópias por ano. No total, já são mais de 60 milhões de exemplares em diversas línguas.


 No Brasil, "O apanhador no campo de centeio", a coleção de contos "Nove histórias" (53) e o livro "Franny & Zooey", que reúne duas novelas de 61, são publicados pela Editora do Autor. Já "Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira & Seymour, uma apresentaçao", compilação de duas histórias do autor de 63, foi editada por aqui pela L&PM, Brasiliense e Companhia das Letras.


Continuação não-autorizada
Em junho do ano passado, Salinger voltou ao noticiário após processar o escritor sueco Fredrik Colting, que escreveu "60 Years Later: Coming through the Rye" ('60 anos depois: saindo dos campos de centeio', em tradução livre), uma continuação não-autorizada dos eventos narrados no original.
Em setembro, o juiz de uma corte de apelação dos EUA classificou o livro de Colting como "um trabalho bastante medíocre", e questionou se o livro prejudicaria o famoso escritor.
Na ocasião, Marcia Paul, advogada de Salinger, disse que seu cliente recusou ofertas do produtor de Hollywood Harvey Weinstein e do diretor Steven Spielberg para escrever uma sequência. "Salinger não deseja autorizar uma sequência ou uma variação", disse ela.
O autor, como de praxe desde a década de 80, não concedeu entrevistas sobre o episódio. "Não há mais nada sobre Holden Caulfield. Leia o livro novamente. Está tudo lá. Holden Caulfield é apenas um momento congelado no tempo", disse Salinger certa vez ao "Boston Globe".
Ele não publica um trabalho literário com sua assinatura desde o conto "Hapworth 16, 1924" em junho de 1965. E não concede entrevistas desde 1980. 


Trajetória
Nascido em 1º de janeiro de 1919, em Nova York, Jerome David Salinger já tinha 32 anos de idade quando estreou em 1951, com "O apanhador no campo de centeio", uma história de um adolescente rebelde e suas experiências quixotescas em Nova York, que elevou o escritor ao topo da cena literária.  O romance causou polêmica pela liberdade com a qual Salinger descrevia a sexualidade e a rebeldia adolescente. 
Os primeiros contos de Salinger foram publicados em revistas como "Story", "Saturday Evening Post", "Esquire" e "The New Yorker" na década de 1940, e o primeiro romance "O apanhador no campo de centeio" transformou-se imediatamente em sucesso e lhe consagrou aos olhos da crítica internacional.

A fama, no entanto, provocou sua aversão à vida pública, a rejeição a entrevistas e à invasão de sua vida privada que se manteve até sua morte.
Em relação a outros escritores, Salinger classificou Ernest Hemingway (1899-1961), que conheceu em Paris, e John Steinbeck (1902-1968) como de segunda categoria, mas expressou sua admiração por Herman Melville (1819-1891). 
Durante os anos 80, o escritor esteve envolvido em uma prolongada batalha legal com o escritor Ian Hamilton que, para a publicação de uma biografia, usou material epistolar escrito por Salinger. 
Uma década depois, a atenção midiática que tanto evitava voltou a pousar sobre o autor, devido à publicação de dois livros de memórias escritas por duas pessoas próximas a ele: sua ex-amante Joyce Maynard e sua filha Margaret Salinger.
Em seus livros, as autoras sugeriam que Salinger ainda escrevia, embora não desse nenhum sinal de pretender publicar uma só linha.
"Há uma paz maravilhosa quando não se publica. É pacífico", afirmou Salinger em 1974, quando quebrou mais de 20 anos de silêncio em uma entrevista dada por telefone ao jornal "The New York Times". "Publicar é uma terrível invasão da minha privacidade. Eu gosto de escrever. Eu amo escrever. Mas eu escrevo apenas para mim e para meu próprio prazer", decretou. 


Vida pessoal
Filho de um judeu importador de queijos kosher e de uma escocesa-irlandesa que se converteu ao judaísmo, Salinger cresceu em um apartamento da Park Avenue, em Manhattan, estudou durante três anos na Academia Militar de Valley Forge e em 1939 estudou contos na Universidade de Columbia.
Em 1942, o jovem Salinger foi recrutado pelos Estados Unidos para lutar na Segunda Guerra Mundial. Ele participou da invasão da Normandia no Dia D, e acredita-se que as experiências vividas na época da guerra o marcaram para sempre. 
Em 1945, casou-se com uma médica francesa chamada Sylvia, de quem se divorciou e, em 1955, casou-se com Claire Douglas, com quem teve seus filhos, e terminou por divorciar em 1967, período em que sua reclusão se acentuou e aumentou seu interesse pelo budismo zen.
Atualmente, Salinger estava vivendo com sua mulher Colleen, e deixa os filhos Matt e Margaret, além de três netos, Gannon, Max e Avery.


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