SEJA BEM-VINDO!!!

sábado, março 31, 2012

ALERTA DE VÍRUS: FATALIS CORRUPTIONEM


Um vírus extremamente resistente continua causando vítimas no Brasil. O principal sintoma é a amnésia retrógrada. Ele afeta uma parcela da população que paradoxalmente detém o gene da imunidade e exatamente por isso se torna hospedeiro preferencial do vírus, para a qual ainda não há nenhum tipo de vacina. A profilaxia é de difícil implantação, apesar do espaço no qual transitam essas pessoas ser bem circunito. Ele não está restrito ao Brasil, podendo infectar pessoas de qualquer país do mundo e, vale lembrar, que há outras pessoas que não possuem tal imunidade, mas também são vítimas da tal amnésia e muitos vivem em espaços restritos, a eles destinados por lei.
Aqueles que por ele são afetados não lembram de nada, mesmo quando confrontados com gravações em áudio e vídeo. Juram – juram não, afinal o Estado é laico – afirmam com veemência que nada sabem sobre esse ou aquele fato, asseguram que não estavam lá, nunca ouviram falar e mal conhecem os envolvidos.
Esse vírus pode ser letal para a população, por agir como um parasita, sugando recursos vitais e comprometendo seriamente a saúde. As mascas nos corredores de hospitais são apenas um dos exemplos. Absorve também a seiva que alimenta a educação e os demais serviços públicos.
A comunidade cientifica internacional ainda não desvendou o DNA do Fatalis corruptionem e não há previsão de verbas para desenvolver uma vacina eficaz contra o mesmo.
_____________________
Fontes:
O chargista também pode ser encontrado em: http://chargesbenett.wordpress.com/2012/03/26/charges-da-semana/comment-page-1/#comment-133

sexta-feira, março 30, 2012

III FÓRUM DE EDUCAÇÃO DE PITANGUEIRAS-SP.

Dias 29 e 30 de março, quinta e sexta-feira, foram dias repletos de muita (in)formação. O III Fórum de Educação de Pitangueiras, mais uma vez, cumpriu com o seu objetivo maior, qual seja, o de colocar a Educação como temática central de uma discussão que pretende, no mínimo, levar os educadores à reflexão de suas práticas. 
Foram momentos riquíssimos de aprendizagem, pontuados pelas brilhantes apresentações dos palestrantes:  

Içami Tiba

Márcia Tiburi

Gabriel Perissé

Glória Kirinus

Aproveito a oportunidade para parabenizar a Prefeitura de Pitangueiras e a Secretaria de Educação Municipal (em parceria com o Senac de Bebedouro) pela organização e condução do evento.
Que a Educação seja prioridade sempre, em qualquer instância: municipal, estadual ou federal.


RETROSPECTIVA 2011: II FÓRUM DE EDUCAÇÃO DE PITANGUEIRAS-SP.




Os palestrantes: 


 Dr. Augusto Cury

 Prof. Pasquale Cipro Neto

Prof. Mário Sérgio Cortella

 Beth, Silvana, M. S. Cortella, Fátima, Marilene, Jamile
 
 Mário Sérgio Cortella e Profa. Fátima Moraes
 Luís Toso e Silvana Moreli
 Prof. Joel Rufino

O II Fórum de Educação de Pitangueiras foi realizado no período de 06 a 08 de julho de 2011.

quarta-feira, março 28, 2012

MORRE O ESCRITOR MILLÔR FERNANDES: GRANDE PERDA!


28/03/2012 11h02 - Atualizado em 28/03/2012 15h10


Autor morreu em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio.
Ele teve falência múltipla dos órgãos, segundo filho.




O escritor carioca Millôr Fernandes morreu, às 21h desta terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho do escritor, ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. Millôr tinha dois filhos, Ivan e Paula, e um neto, Gabriel. Ele foi casado com Wanda Rubino Fernandes. De acordo com sua certidão, Millôr nasceu no dia 27 de maio de 1924, embora ele dissesse que a data correta era 16 de agosto do ano anterior.

De acordo com a família, o velório está marcado para esta quinta-feira (29), das 10h às 15h, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Em seguida, o corpo será cremado numa cerimônia só para a família.
Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. Na época, a assessoria do hospital não detalhou o motivo da internação a pedido da família.
Nascido no bairro do Méier, Millôr sempre fez piada em relação ao seu registro de nascimento. Costumava brincar que percebeu somente aos 17 anos que o seu nome havia sido escrito errado na certidão: onde deveria estar Milton, leu “Millôr” (o corte da letra “t” confundia-se com um acento circunflexo, e o “n” com um “r”). Seja como for, gostou do novo nome e o adotaria a partir de então. “Milton nunca foi uma boa escolha”, comentaria anos mais tarde, durante uma entrevista. A data de nascimento também não estaria correta: em vez de 27 de maio de 1924, ele teria nascido em 16 de agosto do ano.
Desenhista, tradutor, jornalista, roteirista de cinema e dramaturgo, Millôr foi um raro artista que obteve grande sucesso, de crítica e público, em todas as áreas em que se atreveu trabalhar. Ele, que se autodefinia um “escritor sem estilo”, começou no jornalismo em 1938, aos 15 anos, como contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, então uma pequena revista. Ele retornou à publicação em 1943 ao lado de Frederico Chateaubriand e a tornou um sucesso comercial. Lá, criou a famosa coluna “Pif-Paf”, que também teria desenhos seus.
Em 1948, viajou para os Estados Unidos e conheceu Walt Disney. “Nessa época eu ainda acreditava que Disney sabia desenhar. Só mais tarde, lendo sua biografia, aprendi que até aquela assinatura bacana com que ele autentica os desenhos é criação da equipe”, provoca, na autobiografia que escreveu em seu site. No ano seguinte, Millôr assinou seu primeiro roteiro cinematográfico, “Modelo 19", e já foi logo agraciado com o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, criado na década seguinte.
O início dos anos 50 seria importante na vida do autor, tanto pessoal quanto profissionalmente. Na companhia do também escritor Fernando Sabino, fez uma viagem de carro pelo Brasil, com duração de 45 dias. Em 1952, seria a vez da Europa, por onde permaneceria quatro meses. Um ano depois, veria a estreia de sua primeira peça de teatro, "Uma mulher em três atos", no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo.
E foi no teatro, como dramaturgo, que Millôr mais colecionou prêmios. Como em ”Um elefante no caos”, em 1960. Anos depois, diria em seu site: “Foi transformada num excelente espetáculo pela genial direção de João Bittencourt. Uma das poucas vezes que um diretor melhorou um trabalho meu”.
Também no teatro foi um tradutor prolífico e importante. Clássicos como “Rei Lear”, de William Shakespeare, a moderna “As lágrimasaAmargas de Petra von Kant”, de Fassbinder, ou o musical Chorus Line, de James Kirkwood e Nicholas Dante, chegaram aos palcos brasileiros através de suas mãos. "Ao traduzir é preciso ter todo o rigor e nenhum respeito pelo original”, diria em uma entrevista.
RoteiristaComo roteirista, escreveu mais de uma dezena de textos, dentre eles o longa “Terra estrangeira”, e “Memórias de um sargento de milícias”, adaptação da obra de José Manuel de Macedo produzida pela Rede Globo de Televisão. Também roterizou espetáculos musicais, como o musical “Liberdade liberdade”, escrito em parceria com Flávio Rangel, e “Do fundo do azul do mundo”, ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio.
Recebeu uma homenagem durante o carnaval carioca de 1983, quando foi samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Sossego, de Niterói (RJ). Millôr, inclusive, compareceu ao desfile.
Dentre os veículos de imprensa, colaborou ainda com artigos e crônicas nos jornais “O Correio Brasiliense”, “Jornal do Brasil”, “O Estado de São Paulo”, “O Diário Popular”, “Correio da Manhã”, “O Dia”, “Folha da Manhã” e “Diário da Noite”. Para internet, criou o site “Millôr Online”, sobre o qual diria posteriormente: “Se eu soubesse o que atrai tanta gente, nunca mais faria de novo”.
E, como bom roteirista, ainda escreveria sobre a própria vida: "Meu destino não passa pelo poder, pela religião, por qualquer dessas entidades idiotas. Meu script é original, fui eu quem fez. Por isso não morro no fim".
Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.
____________



terça-feira, março 27, 2012

VJMJ


VJMJ

Roberto Ambrosio

E éramos, eu e minha turma, ensinados a colocar o VJMJ em nossos cadernos, a cada início de dia, de tarefa. Não sei dos outros, mas eu colocava automaticamente, nunca as letras e seus significados fizeram sentido pra mim. Assim também as margens eram de 1,5 centímetros, e a cidade, São Paulo, colocada todos os dias antes da data. Isso sim fazia sentido, afinal, era importante que todos os dias soubéssemos onde nos encontrávamos.
Também havia as regras, eram umas doze, anotadas no primeiro dia de aula, na primeira página do tal caderno e iam desde não mascar chicletes na aula (os chicletes já eram um problema social então), até respeitar os professores.
Compreendo hoje que para educar é preciso reprimir, estabelecer limites, e que isso pode e deve ser feito de forma clara, carinhosa, afinal, reprimir não tem nada a ver com maltratar. Quando fui aluno nesse colégio eu sabia exatamente meu papel. Eu era aluno. Os professores eram professores. O reitor era reitor.
A mim cabia cumprir horários, aprender, fazer as tarefas propostas e mostrar o que havia aprendido. Os professores cumpriam seu horário, ensinavam coisas que eu não sabia, avaliavam, elogiavam publicamente, davam broncas quando não aprendíamos, seja por não compreendermos algum conceito, seja porque não queríamos, por desinteresse ou vagabundagem mesmo. O reitor observava, caminhava entre nós, sabia o nome de todos, perguntava nossas notas, de nossos pais, do placar do futebol de salão, ralhava com nossos uniformes mal vestidos, com palavrões e com cigarro.
Havia uma reunião de pais e mestres. Nelas éramos colocados frente a frente com nosso pai ou mãe e nossos professores e tínhamos que ouvir elogios e repreensões. Era de fato,uma reunião de pais, mestres e alunos. Um necessário acerto de contas. Após a reunião os professores nos deixavam e voltávamos pra casa onde os pais fariam o seu papel de pais. Surras, broncas, acordos, elogios, presentes. A escola não tinha nada com isso. Esse era o território de cada casa, de cada cultura diversa em seus rituais e costumes.
Essas recordações me vieram à mente porque tenho me perguntado como será o futuro de pais, crianças, escolas e professores. Hoje ninguém sabe se ensina ou educa. Pais e professores não sabem mais qual é o seu papel. Reprimir (educar) virou palavrão, os pais não querem que os filhos sejam contrariados em suas vontades. Os professores sabem pouco, e o pouco que sabem é menos interessante do que o conteúdo que as crianças acessam nas redes sociais.
Uma vez, o amigo Mitsugui e eu tivemos a idéia de imprimir um jornal para falar das turmas do ginásio. Arrumamos um mimeógrafo, folhas, datilografamos poemas, piadas, fofocas, apelidos impiedosos, resultados do torneio interclasses e pronto. Estava feito. Mas…e o nome? Depois de um breve brainstorm, lá veio: Pôrra!! Assim, com acento e exclamação. Animados fomos ao professor responsável por avaliar nossa iniciativa e mostramos o Pôrra, ou a Pôrra, não sabíamos bem.
Tomamos um sermão de meia hora sobre as falhas de diagramação, os erros de português, as gírias excessivas e a ordem das coisas (priMEIro o Guilherme de Almeida, dePOIS a coluna de fofocas e apelidos!). Ele exigiu duas páginas para seu editorial e impugnou o nome.
Pôrra não. Uma hora de negociação, ele levou uma página de editorial, que sempre assinou com o pseudônimo Ijomar (e que todo mundo sabia ser do Irmão José Martinez), mas conseguimos sair com o nome Pô! Com acento, exclamação e sem o rra…
Hoje percebo a aula de convivência, negociação, flexibilidade e por que não dizer bom gosto, que ele nos deu. Nossa vontade prevaleceu, o Pô! circulou por dois anos com sucesso, mas aprendemos o papel da autoridade, do aluno, do professor, dos pais e da escola. Aprendemos que lutar pelo que se quer tem mais valor do que receber as coisas de mão beijada. Aprendemos que poderíamos ser tratados como iguais, mas quenão éramos iguais e ter certeza disso foi, pra mim, naquele dia, num tempo entre a infância e a adolescência, um conforto e uma alegria.
_________________
Texto publicado com autorização do autor.

sábado, março 24, 2012

CHICO ANYSIO: UMA SINGELA HOMENAGEM

Nesse caso, subverter a gramática nem pode ser considerado um atentado contra a Língua Portuguesa... 

  "Morreram Chico Anísio" - de fato, ele não era apenas "um", Chico era PLURAL...  
 Grande perda!!! 
Dentre todos os personagens de Chico, um me é extremamente caro: o Professor Raimundo. A Escolinha do Professor Raimundo, comandada por Chico Anysio, foi exibida como um quadro cômico,  em diversos programas humorísticos por mais de 38 anos. Com brilhantismo, no início da década de noventa, estreou como programa próprio na Rede Globo. O personagem criticava as condições de trabalho dos professores e, principalmente o salário. Chico se foi, mas o bordão criado por ele permanece (... e o salário ó...), bem como a situação dos professores e da Educação no país. 

Vá em Paz, Chico! Que Deus o tenha!!!

terça-feira, março 13, 2012

SÃO TANTOS NA CLASSE, MAS CADA UM É UM


Por trás de cada olhar que nos recebe no início do ano, há alguém singular em seu potencial. Por isso, toda turma é heterogênea

Luis Carlos Menezes 
Luis Carlos de Menezes. Foto: Marina Piedade
Luis Carlos de Menezes é físico e educador da Universidade de São Paulo (USP)
Começamos o ano planejando o trabalho com cada turma, tendo por base a expectativa média sobre maturidade, habilidades e conhecimentos anteriores dos futuros estudantes. No entanto, o previsto será continuamente reformulado porque o aluno médio é uma abstração que raras vezes corresponde à variedade encontrada nas salas de aula. Por isso, é melhor nos prepararmos para turmas heterogêneas, em lugar de as lamentarmos. Levar em conta sua diversidade é condição para poder ensinar.

Diferenças logo percebidas - de estatura, tom de voz e modo de vestir - são pouco significativas se comparadas com as de personalidade, história de vida e propensões, que só se revelam em um convívio significativo e não cabem em classificações gerais, como condição social e inteligência. Um garoto que demore para resolver uma questão por considerar mais elementos e possibilidades não deve ser visto como inferior a outro que logo apresenta uma resposta direta.

São muitos os casos de julgamentos equivocados, até de crianças que a escola avalia possuir algum tipo de deficiência intelectual e que, mais tarde, se revelam geniais. Aliás, é preciso mais do que valorizar a inteligência, pois jovens brilhantes também podem se prejudicar por problemas de relacionamento. Se a escola for atenta a cada ser humano - que pode se revelar mais ou menos sociável, curioso, introspectivo ou irreverente -, consegue desenvolver as potencialidades de cada um para sua realização pessoal e também em benefício dos colegas, fazendo assim da heterogeneidade uma vantagem, e não um peso.

Não existe uma forma única de promover o convívio significativo, que se baseia no respeito aos diferentes ritmos e no reconhecimento de características individuais. Uma coisa é lidar com uma pequena turma de crianças, outra é fazer isso com adolescentes. Para o professor do 1° ao 5° ano, que tem uma ou duas turmas, já é difícil orientar uma criança perplexa diante de tarefa ainda não entendida e ao mesmo tempo compreender a impaciência de outra que se apressa em mostrar o trabalho concluído.

Para o especialista, o desafio se amplia. Com mais de 40 estudantes em cada uma de suas várias classes, ele não tem como prestar um atendimento individual. Se você está nessa situação e quer saber se só passará conteúdos ou se contribuirá para o desenvolvimento de cada um, sugiro um critério divertido: sempre que for possível se imaginar substituído por uma palestra gravada e supervisionada por um vigia, seu trabalho não valorizará a diversidade humana. Quando a expectativa é que os alunos apenas ouçam, copiem, entreguem lições individuais e façam provas, o resultado será notas e médias, ou seja, números. É possível fazer de outra forma? Acredito que sim e dou sugestões para quatro necessidades:

- Conhecer a condição inicial dos alunos. O diálogo, seguido de um questionário de recepção, orienta a condução de cada etapa da escolaridade.

- Respeitar os ritmos de aprendizado. Tarefas de classe e questões de prova com variados níveis de dificuldade promovem desempenhos sem gerar exclusão.

- Ensinar alunos a se expressar e participar. A integração deles em grupos de trabalho com tarefas coletivas funciona melhor que uma conversa individual.

- Garantir que se considerem as características e necessidades dos estudantes. Reflexões sobre cada um devem ser realizadas nos conselhos de classe.

Não é fácil para um professor implementar sozinho essas práticas, mas, quando um projeto pedagógico as propicia, é notável o engajamento da comunidade escolar para enfrentar o desafio de promover todos os alunos, em lugar de selecionar alguns. O trabalho passa a fazer mais sentido e o esforço vale a pena.
___________
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/sao-tantos-classe-cada-679010.shtml

domingo, março 11, 2012

AOS MESTRES, SEM CARINHO



(Zuenir Ventura, O Globo)

Charge: Professor Jaime Guimarães, Blog Grooeland

Por experiência própria, alguns dos países mais bem colocados no ranking de qualidade da educação — China, Coreia do Sul e Finlândia, principalmente — sabem que a isso se deve muito do seu desenvolvimento socioeconômico, sem falar no cultural.
O Brasil, ou parte dele, parece não saber. Bastou o Ministério da Educação divulgar o novo piso salarial dos professores da rede pública, a fortuna de R$ 1.451,00, para que governadores e prefeitos protestassem e alegassem falta de recursos para adotar uma lei que já fora confirmada pelo STF. Onze deles se deslocaram até Brasília para pressionar pela mudança do parâmetro usado nos reajustes.
Choraram miséria, falaram em nome da austeridade, mas acharam natural gastar na viagem, com passagens e diárias, o que dava para pagar um mês do novo salário de dezenas de profissionais de ensino.
O caso mais gritante é o do Rio Grande Sul, que ostenta o piso mais baixo, 791,00 (o de Roraima é R$ 2.142,00), e onde foi preciso que a Justiça obrigasse o governo a cumprir suas obrigações legais.
Como observou o colunista Carlos Brickman, o governador petista Tarso Genro, “cuja função certamente não é tão útil quanto a de um professor, recebe quase R$ 30 mil mensais, fora casa, comida e muitas mordomias”.
E parece não concordar com a opinião de seu colega de partido, o ministro Aluizio Mercadante, de que “a valorização do professor começa pelo piso”.
Por essas e outras é que quase ninguém mais quer ser docente aqui, enquanto em outros lugares acontece o contrário. Numa recente entrevista a Leonardo Cazes, o finlandês especialista em educação Pasi Sahlberg informou que “o magistério é a carreira mais popular entre os jovens do seu país”.
Não por acaso, a Finlândia ocupa o terceiro lugar no ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) e o Brasil o 53 entre 65 países. Talvez não seja coincidência também que o Distrito Federal, com o piso mais elevado (R$ 2.315,00), apresente o melhor resultado, segundo os critérios do Pisa.
É bom saber que o Brasil acaba de ser declarado a sexta economia mundial. Mas é triste constatar que em qualidade de educação estamos lá embaixo, atrás de Trinidad e Tobago, Bulgária e México.
E que uma das razões é que dedicamos aos nossos mestres pouco carinho e remuneração insuficiente.
_______________

domingo, março 04, 2012

"A VIDA DA GENTE..."


Último capítulo da novela "A VIDA DA GENTE" (Rede Globo). O personagem Lourenço, Professor de Literatura, durante a aula, faz a seguinte explanação:

"Ninguém entra num mesmo rio pela segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.
Foi um filósofo grego que viveu no século V a.C., Heráclito de Éfeso que fez essa formulação que até hoje nos fascina: o fluxo eterno das coisas; é a própria essência do mundo - apontou Heráclito. E, se ainda hoje ficamos espantados com isso é porque nos apegamos teimosamente ao que já passou, esperando, no fundo, que tudo permaneça igual.
Então, é necessário um filósofo da Antiguidade ou um escritor contemporâneo para nos fazer entender que nada é permanente, a não ser a mudança.
Olha só, eu separei aqui um trecho do "Grande Sertão", onde Guimarães Rosa fala um pouco sobre isso. Olha só que beleza: "O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando - afinam ou desafinam, - verdade maior é o que a vida me ensinou".
Não é incrível? O filósofo flagra a fluidez e o escritor se maravilha com isso: "É o mais bonito da vida", diz Guimarães Rosa. É uma celebração do movimento, não é um lamento.
O tempo não para e isso é belo. Então, na semana que vem nós nos encontraremos aqui e eu serei outro e vocês também."




Em um outro momento, Dona Iná (a avó que todos gostariam e deveriam, por direito, ter), fez um brinde e proferiu a seguinte frase:


"Muda o amor, mudam as pessoas, muda a família, só o tempo permanece do mesmo modo... sempre passando!".


___________________
Senti muito por não ter podido assistir mais dessa novela por conta do horário de exibição. Sempre que possível eu assistia e me emocionava. Do início ao fim ela mostrou a que veio: catarse - essa foi a sua função precípua. Eu, particularmente, me vi inserida naquele contexto, me posicionando no lugar de algumas personagens. Audrey Lamin, uma amiga da pós-graduação, mencionou o "baixo índice registrado pelo Ibope" e atribuiu o fato à falta de "maldades explícitas, cenas de sexo, assassinatos...". 
Talvez a sensibilidade, o amor no sentido mais amplo e abrangente da palavra, o cuidado com o outro... sejam atitudes que estão caindo em desuso, estão se tornando "fora de moda".


Gláucia Gamboni, minha prima, é mais enfática: "A melhor novela dos últimos tempos, mas, realmente uma novela que cita Heraclito de Éfeso e Guimarães Rosa é preterida em relação às que falam de violência e promiscuidade... É a real "Vida da Gente".

Arquivo do blog

AGRADEÇO POR SUA VISITA!