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domingo, julho 31, 2016

PROCURANDO DORY: O QUE APRENDER SOBRE FALHAS DE MEMÓRIA?

Tatiana Vasques (*)
Acabo de retornar da sessão do filme “Procurando Dory”, e ao assisti-lo fui tomada por uma enorme inquietação! Fiz tantas, tantas, tantas sinapses, que decidi dividir algumas das minhas reflexões…
O filme começa com takes da Dory, a linda peixinha azul, alegre e simpática, ainda bebê, já repetindo: “Oi, eu sou Dory, e sofro de perda de memória recente”. Esta memória “recente” é a de curto prazo, a qual deixamos registradas informações por um período de tempo para que sejam manipuladas, e uma decisão seja tomada.
Este tipo de memória difere-se da memória de longo prazo, daquelas que muitos chamam de “lembranças”. Cada um destes tipos de memória envolve uma área diferente do cérebro e, do mesmo modo, são processadas por meio de contextos bem diferentes.
Pois bem, mas o que me chamou atenção no filme?
A começar pelo título: “Procurando Dory”!
Vamos procurar as “Dorys” da vida real? Quantas “Dorys” existem por aí? Nas escolas, nas empresas, nas ruas? Quais rótulos elas recebem? Não existem somente “Dorys” esquecidas, existem as disléxicas, as disgráficas, as que apresentam déficit de aprendizagem por distúrbios de processamento auditivo, ou até mesmo por síndromes psiquiátricas.
Minha maior inquietação é imaginar quantas destas “Dorys” da vida real não tem a mesma sorte da nossa peixinha da ficção, e são excluídas, rotuladas, apontadas como incapazes, indisciplinadas ou “burras” (perdoem-me a força da expressão, mas infelizmente este palavrão ainda faz parte do vocabulário escolar e acadêmico).
Por meio da repetição, a Dory do filme foi TREINADA por seus pais a encontrar o caminho de casa. Eles mostravam a ela centenas de vezes os caminhos formados por conchas que a levariam até sua casa. Isso se repetiu tantas e tantas vezes até que fixaram um registro inconsciente no cérebro de Dory, como uma marca, uma lembrança, uma memória de longo prazo, ou seja, um APRENDIZADO, que a salvou e motivou a buscar sua família.
Qual a relação podemos tirar deste “treino” para as nossas “Dorys da vida real”? O que as escolas oferecem a elas? E as empresas? Que fique a pergunta para reflexão….
Outro ponto de destaque de nossa personagem, é a capacidade plástica que nosso cérebro possui, pois, mesmo com os problemas no processamento da memória de curto prazo, a peixinha desenvolveu ao máximo sua flexibilidade cognitiva, aquela relacionada a capacidade de mudar, com eficiência, de uma alternativa para outra, tendo em vista as alterações do ambiente. Quando os personagens ditos “normais”, consideravam que todas as alternativas já haviam chegado ao fim, eis que Dory avalia ao redor e lança uma solução viável!
Dory é mesmo sensacional!
Por fim, o que aprender com Dory?
1 – Que todo ser é dotado de Inteligência!  Aquela máxima de “quem é mais inteligente, é o que tira a maior nota”, deve cair por terra. O “mais inteligente” dos dias atuais é aquele que consegue superar seus próprios desafios, adaptar-se nas diversas circunstâncias e, principalmente, ter um comportamento voltado a metas.
2 – O ensino formal precisa, ser revisto! A ludicidade do filme, se trabalhada em conteúdo junto aos educadores, irá apontar tais necessidades. Nos personagens do longa-metragem, há talentos de todo tipo, assim como uma sala de aula repleta de alunos…
3 – Treinamento de funções executivas dever ser o foco das ações educacionais e pedagógicas. Foi exatamente o TREINO que resgatou a autoestima de Dory, e a fez atingir seus objetivos.
4 – Por fim, aprender aquilo que nada sabemos! O mínimo que nos cabe é “continuar nadando!”.

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