SEJA BEM-VINDO!!!

domingo, maio 29, 2011

ESSA PROPAGANDA É A MELHOR...

Recebi esse arquivo por e-mail de uma amiga muito querida - Sandra Fernandes Biscuola (professora em Jundiaí-SP). Saudade!!!!
Quero, neste momento, compartilhá-lo com todos. É muito bonito e traz uma mensagem muito importante!
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CONVOCAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS NO CONCURSO DE PEB II DA SEESP

Publicado em 28/05/2011

DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS

CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II

O Diretor do Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Educação, nos termos do Inciso XIII, item 15 das Instruções Especiais SE 01/2009, disciplinadoras do concurso em questão, CONVOCA os candidatos aprovados e classificados até o momento no concurso em epígrafe, para as sessões de escolha de vagas, a serem realizadas em dias, hora e locais, adiante mencionados e baixa instruções aos candidatos.
A escolha de vaga faz parte do processo seletivo e somente os que assim procederem continuarão no certame e já ficam convocados para a 3ª etapa do concurso - Curso de Formação, nos termos do Regulamento específico.

I. INSTRUÇÕES GERAIS
1. A chamada para escolha de vagas obedecerá, rigorosamente, a ordem de Classificação Final, Lista Geral e Lista Especial, por disciplina, em nível de Regional - 1ª Região - COGSP e 2ª Região - CEI, publicada no DOE de 26/062010 - Suplemento.

2. O candidato convocado deverá comparecer munido de DOCUMENTO DE IDENTIDADE - RG e do CADASTRO DE PESSOAS FÍSICAS - CPF ou se fazer representar por procurador, legalmente constituído, portanto xerocópia dos documentos mencionados.

3. Assinada a ficha de escolha de vaga pelo candidato ou seu procurador, não será permitida, em hipótese alguma, desistência ou troca da vaga escolhida, sob qualquer pretexto.

4. O candidato deverá fornecer, obrigatoriamente, e-mail pessoal a ser utilizado para recebimento de informações.

5. Não haverá nova oportunidade de escolha de vaga ao candidato retardatário ou ao que não atender à chamada no dia, hora e local determinados, sendo eliminado definitivamente do concurso.

6. Critérios para escolha de vagas aos candidatos portadores de deficiência, classificados na Lista Especial:
6.1 serão reservados 5% dos cargos vagos existentes para os candidatos classificados na Lista Especial, considerando-se para cada fração igual ou superior a cinco décimos, o inteiro subseqüente;
6.2 quando o número de candidatos classificados na Lista Especial não for suficiente para prover os cargos reservados, os cargos restantes serão revertidos para os candidatos classificados na Lista Geral;
6.3 o candidato portador de deficiência concorrerá na Lista Geral e na Lista Especial de acordo com a classificação nelas obtida, na seguinte conformidade:
6.3.1 o candidato que for atendido na Lista Geral fica excluído da Lista Especial e vice-versa;
6.3.2 o candidato que não comparecer ou desistir da escolha de vaga na Lista Especial, terá seus direitos exauridos na Lista Especial, concorrendo, apenas, na Lista Geral.

7. De acordo com o artigo 5º do Decreto 55.078/09, no momento de escolha de vaga, o candidato poderá optar por qualquer jornada de trabalho docente: 10/ 20/ 25 ou 33 horas/aula, conforme a disponibilidade de vagas e correspondentes cargas horárias e turnos de funcionamento disponíveis na unidade escolar do ingresso, exceto o candidato de Educação Especial que escolherá 1 (uma) classe, em Jornada Básica de Trabalho Docente.

8. A relação de aulas disponíveis para o ingresso será publicada no Diário Oficial do Estado de 31/06/2011 - Suplemento e estará disponível no site da Educação: www.educacao.sp.gov.br.

9. Conforme determina o § 4º do artigo 7º da Lei Complementar Nº 1.094/2009, “serão considerados aprovados no concurso, para fins de nomeação, conforme as vagas escolhidas, os candidatos que concluírem com êxito a terceira etapa, de acordo com o resultado de prova a ser realizada ao término do curso de formação”.

10. O candidato que escolher vaga deverá acessar o sistema GDAE, no site da Educação:www.educacao.sp.gov.br, para efetuar o cadastro da conta corrente pessoal - Banco do Brasil, para validação da Secretaria da Fazenda, para fins do crédito de bolsa de estudo, de acordo com a Lei Complementar Nº 1.094/2009, oportunamente.

11. O Certificado de Aprovação em Concurso será concedido aos candidatos aprovados e que efetuarem, com êxito, o Curso de Formação.

12. Deverá ser publicado oportunamente Edital de Convocação Complementar a este, dando-se continuidade à convocação para escolha de vagas.

II. LOCAIS DE ESCOLHA

1 - LOCAL 1: AUDITÓRIO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO - CASA CAETANO DE CAMPOS - Praça da República nº 53 - Centro - São Paulo (entrada pela Av São Luiz - Portão 4)
REGIÃO / DISCIPLINAS:
Região 1 - História
Região 1 - Filosofia
Região 1 e 2 - Educação Especial: Deficiência Auditiva
Região 1 e 2 - Educação Especial: Deficiência Física
Região 2 - Educação Especial: Deficiência Mental
Região 1 e 2 - Educação Especial: Deficiência Visual

2 - LOCAL 2: AUDITÓRIO DA EE SÃO PAULO - Rua da Figueira, 500 - Bairro Brás - São Paulo (metrô Pedro II)
REGIÃO / DISCIPLINAS:
Região 1 - Geografia
Região 2 - Filosofia
Região 1 - Língua Portuguesa

3 - LOCAL 3 : AUDITÓRIO DA EE ZULEIKA DE BARROS MARTINS FERREIRA - Rua Padre Chico, 420 - Bairro Pompéia - Capital
REGIÃO / DISCIPLINAS:
Região 1 - Ciências Físicas e Biológicas
Região 1 - Educação Física

4- LOCAL 4 - AUDITÓRIO CENTRO DO PROFESSORADO PAULISTA - CPP - Av. Liberdade, 928 - Bairro Liberdade - Capital - (Metrô São Joaquim)
REGIÃO / DISCIPLINAS:
Região 1 - Biologia
Região 1 e 2 - Química
Região 2 - Matemática

III. ESCOLHA DE VAGAS

1 - LOCAL 1 : AUDITÓRIO DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO - CASA CAETANO DE CAMPOS - Praça da República nº 53 - Centro - São Paulo (entrada pela Avenida São Luiz - Portão 4)

1.1 QUADRO DE CHAMADA
Disciplina - Região - Dia - Horário - N.º dos candidatos convocados

HISTÓRIA
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
06/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 519 ao 1050
07/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1051 ao 1550
08/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1551 ao 2050

FILOSOFIA
1ª Região - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
22/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 369 ao 923

EDUCAÇÃO ESPECIAL
DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
15/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 28 ao 96
Região 2 - CEI (Interior)
15/06 - 8:30h - Lista Geral - 49 ao 135

DEFICIÊNCIA FÍSICA
1ª Região - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
15/06/2011 -8:30h - Lista Geral - 07 ao 25
2ª Região - CEI (Interior)
15/06 - 8:30h - Lista Geral - 03 ao 05

DEFICIÊNCIA MENTAL
Região 2 - CEI (Interior)
15/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 165 ao 251

DEFICIÊNCIA VISUAL
1ª Região - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
15/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 18 ao 38
2ª Região - CEI (Interior)
15/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 25 ao 59
15/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 05, 06, 07 , 8 , 9

2 - LOCAL 2 : AUDITÓRIO DA EE SÃO PAULO - Rua da Figueira, 500 - Bairro Brás - São Paulo (metrô Pedro II)
REGIÃO / DISCIPLINAS:
2.1 QUADRO DE CHAMADA
Disciplina - Região - Dia - Horário - N.º dos candidatos convocados

GEOGRAFIA
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
06/06/2011 -8:30h - 726 ao 1477

FILOSOFIA
2ª Região - CEI (Interior)
7/06/2011 - 8:00h - Lista Geral - 292 ao 991

LÍNGUA PORTUGUESA
1ª Região - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
08/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1018 ao 1694
09/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1695 ao 2371
10/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 2372 ao 3021
13/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 3022 ao 3671

3 - LOCAL 3 : AUDITÓRIO DA EE ZULEIKA DE BARROS MARTINS FERREIRA - Rua Padre Chico, 420 - Bairro Pompéia - Capital
3.1 QUADRO DE CHAMADA
Disciplina - Região - Dia - Horário - N.º dos candidatos convocados

CIÊNCIAS FÍSICAS E BIOLÓGICAS
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
06/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 620 ao 1180
07/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1181 ao 1740

EDUCAÇÃO FÍSICA
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
08/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 697 ao 1216
09/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1217 ao 1736
10/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1737 ao 2256

4 - LOCAL 4 : AUDITÓRIO DO CPP - Centro do Professorado Paulista - Av. Liberdade, 928 - Liberdade - São Paulo (metrô São Joaquim)
4.1 QUADRO DE CHAMADA
Disciplina - Região - Dia - Horário - N.º dos candidatos convocados

BIOLOGIA
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
06/06/ 2011 - 8:30h - Lista Geral - 460 ao 984

QUÍMICA
Região 1 - COGSP (Capital e Grande São Paulo)
07/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 401 ao 809
Região 2 - CEI (Interior)
08/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 365 ao 856
09/06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 857 ao 1257

MATEMÁTICA
Região 2 - CEI (Interior)
10/ 06/2011 - 8:30h - Lista Geral - 1627 ao 2003
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sábado, maio 28, 2011

MARCOS BAGNO: LINGUISTA ATRIBUI À "IGNORÂNCIA" CRÍTICAS SOBRE O LIVRO DIDÁTICO

Linguista atribui à ''ignorância'' críticas sobre livro didático

Raiana Ribeiro
Nos últimos dias, a polêmica em torno do livro didático Por uma vida melhor, destinado à Educação de Jovens e Adultos (EJA), reacendeu o debate sobre o preconceito linguístico ainda presente no país. Em um capítulo sobre as diferenças entre a norma culta e a popular da língua portuguesa, a obra afirma que a expressão “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” pode ser usada em determinadas situações.

O texto adverte, no entanto, que ao adotar esta formulação “corre-se o risco de ser vítima de preconceito linguístico” e finaliza afirmando que o falante “tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião”. Descontextualizado, o trecho foi parar em vários veículos de imprensa e o livro passou a ser criticado por “ensinar” os estudantes a falarem errado.

O livro foi selecionado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Por meio dele, o Ministério da Educação (MEC) avalia obras apresentadas por editoras, submete-as à avaliação de especialistas e depois oferece as aprovadas para que secretarias e professores façam suas escolhas.

Para analisar o tema, o Portal Aprendiz entrevistou o escritor, professor e linguista, Marcos Bagno. Autor de vários estudos acadêmicos sobre o ensino da língua portuguesa no Brasil, há anos Bagno se dedica a investigar a variação linguística e os preconceitos que decorrem dela. Seu livro,Preconceito linguístico: o que é, como se faz (Ed. Loyola), lançado em 1999, é considerado um dos principais registros sobre o assunto no Brasil.

Portal Aprendiz: A que o senhor atribui tamanha polêmica em torno do capítulo que trata da variação linguística no livro didático Por uma vida melhor?

Marcos Bagno: Atribuo a, nada mais nada menos, do que à ignorância generalizada na nossa “grande imprensa” acerca do que é uma língua e do que significa ensiná-la. Nossos jornalistas ainda acreditam numa concepção arcaica, pré-científica de língua como “gramática normativa” e quando topam com uma concepção avançada, contemporânea, levam um susto.

Portal Aprendiz: Alguns críticos do livro alegam que o material estaria “ensinando” os estudantes a falarem errado, o que representaria um retrocesso para a educação brasileira. Como o senhor encara essas afirmações?

Bagno: Encaro, novamente, como ignorância de quem as pronuncia. Parece que 101% dos que criticaram o livro simplesmente não o leram ou, pior, se leram, não entenderam. Em momento algum o livro quer “ensinar” a falar errado, simplesmente porque não é preciso. Todos os brasileiros (inclusive os que se acham muito letrados) usam regras gramaticais que contrariam as prescrições tradicionais. Não é preciso ensinar ninguém a dizer “os livro” porque já é assim que todos nós falamos (inclusive os que se acham muito cultos, porque temos um grande acervo de  língua falada gravada em que esses falantes exibem precisamente os usos do tipo “os livro”). O livro da professora Heloísa Ramos quer ensinar, isso sim, as formas prestigiadas de falar e de escrever, ou seja, quer ampliar o repertório linguístico dos aprendizes.

Portal Aprendiz: Como o senhor acredita que este tema pode ser abordado em sala de aula?

Bagno: Como já vem sendo abordado há cerca de 20 anos. Demonstrar a lógica das variedades não-padrão já faz parte do conteúdo curricular de língua portuguesa há um bom tempo. Só mesmo os que não sabem nada de ensino podem se espantar. Para quem trabalha com educação e linguagem, já se trata de ponto pacífico.

Portal Aprendiz: Como o preconceito linguístico afeta os estudantes nos dias de hoje, sobretudo jovens e adultos (público-alvo do livro em questão)?

Bagno: O preconceito linguístico afeta a todos nós, mas evidentemente é mais pesado sobre as pessoas que usam variedades linguísticas mais distantes dos falares urbanos de prestígio. Justamente para combater o preconceito linguístico é que temos de dizer a todo mundo que é impossível falar sem seguir regras, mas que um conjunto muito restrito dessas regras foi eleito (por razões meramente políticas e sociais) para se tornar o padrão. E uma vez que esse padrão é cobrado em instâncias importantes da vida social, temos que ensiná-lo explicitamente aos nossos alunos.

Portal Aprendiz: Qual o saldo desse debate? Houve algum avanço a partir dos questionamentos levantados?

Bagno: Infelizmente não. A grande mídia, como é de seu costume, não dá espaço para quem discorda dela. E quando dá espaço é sob a hipocrisia da “imparcialidade”, sempre colocando ao lado da opinião dos verdadeiros especialistas a opinião de quem não entende nada da matéria.
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NÓIS PODI VIVÊ CALADIN?

Cilene Rodrigues  
Ph. D. em linguística e professora da University College London
Correio Braziliense - 28/05/2011
Resposta ao título deste artigo é: podemos, mas seremos castigados. Quando o assunto é educação, nós, brasileiros, adoramos nos comparar com outros países. O que é normal, já que ocupamos o 73º lugar no ranking mundial para o índice de desenvolvimento humano. Então, para não perder o costume, aqui vai outra comparação: o debate em torno do livro Para uma vida melhor e a tentativa de legitimação do inglês afro-americano.

Em 1996, uma escola pública de Oakland, na Califórnia, aprovou uma resolução legitimando os direitos linguísticos dos afro-americanos, que passariam a receber instruções em inglês afro-americano. Os professores não versados nesse socioleto fariam cursos, pagos com recursos públicos, para aprendê-lo.

Criou-se um quiproquó. Em entrevista à CNN, o reverendo Jesse Jackson disparou: “Não se vai para a escola para aprender a falar lixo”. O colunista William Raspberry, do Jornal Washington Post, também mandou brasa contra, classificando o inglês afro-americano de inconsistente e incapaz de distinguir o certo do errado. Apesar da opinião contrária de linguistas, as autoridades governamentais entenderam que seria mesmo um erro aceitar tal resolução. O então secretário de educação, William Bennett, fez dele as palavras de Jesse Jackson. Diante disso, a escola de Oakland desfez-se da resolução original.

Semana passada, o Jornal Nacional, da Rede Globo, criou outro babado linguístico ao comunicar, já denunciando, que o MEC havia adotado o livro Para uma vida melhor, de Heloísa Ramos. A reportagem apresentou ao telespectador um recorte parcial do famigerado livro, onde a autora defende que é permitido falar “os livro”, embora corra-se o risco de ser vítima de preconceito linguístico.

Vieram ruidosas reações. Na internet , lê-se: “O MEC e o livro Por uma vida melhor: a celebração da ignorância (http:// pamarangoni.blogspot.com). Ou ainda: “Meio sinistro essa parada. Você aprende que “os menino pegou o peixe” não é errado numa situação, mas é inadequado em outra. (…). Então, para acabar o texto, vou usar um frase de Uilian Cheikspi: tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim.” (http:// tiporevista.com.br). No dia 15, o colunista Clóvis Rossi, da Folha de S.Paulo, também não perdoou: “ (…) o MEC deu aval a um livro que se diz didático no qual se ensina que falar “os livro” pode. Não pode, não, está errado. É ignorância, pura ignorância, má-formação educacional, preguiça do educador em corrigir os erros.”

Assim como aconteceu nos Estados Unidos, linguistas brasileiros argumentam em vão a favor da decisão do MEC e do livro de Heloísa, enquanto a critíca defende cegamente a separação entre certo e errado, alegando que seguir as regras da gramática tradicional é importante para a unidade nacional. Será? Nas ruas do Egito fala-se um dialeto árabe coloquial, mas, na escrita e nos meios de comunicação, usa-se o árabe padrão. Embora essas variantes sejam bastante diferentes entre si, a sua coexistência não impede a união dos egípcios em torno da mesma nação. Tanto não impede, que eles acabaram com uma ditadura perniciosa na base do grito. Já o antigo Estado da Iogoslávia ruiu, embora sérvio e croata sejam línguas mutuamente inteligíveis.

A variação linguística pode ter consequências interessantes. Se não tivesse existido o latim vulgar, o portugês, “última flor do Lácio, inculta e bela”, não teria nascido ou seria bem diferente do que é. Viu? As regras “corretas” de hoje foram um dia tidas como incultas, filhas de pais ignorantes.

Voltemos à comparação entre a decisão do MEC e resolução de escola de Oakland. Os principais interessados no debate preferem o silêncio. Em 1996, a comunidade afro-americana não protestou contra as críticas ao seu dialeto. Os brasileiros falantes da variante descrita por Heloísa também permanecem calados. Por quê? Porque as pessoas têm medo, medo de serem vítimas de bullying social, de preconceito. Preconceito contra a língua? Não, preconceito contra quem a fala, contra o pobre. Já pensou os pobres com a boca no trombone? Deus nos livre, roga a elite. É preciso mantê-los sem voz. Para isso, alega-se, com base no autoritarismo, que eles falam errado.

Merecemos respeito naquilo que nos identifica como indivíduos e como parte de um grupo social: a maneira de nos expressar. Temos também o direito de aprender. Aprender outras línguas, outros dialetos. Aprender que a expressão “tá legal, eu aceito o argumento, mas não altere o samba tanto assim” não é de William Shakespeare, mas de Martinho da Vila. Mas para fazer valer nossos direitos é preciso romper com o estabelecido, subverter as regras, dar o grito, não importa em que variante linguística. A verdade é que nessa selva, onde predominam os interesses da classe dominante, toda mudez será castigada.
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sexta-feira, maio 27, 2011

JUSTIÇA DE SP CONFIRMA PROIBIÇÃO NAS ESCOLAS DE LIVRO QUE ABORDA SEXO


26/05/2011 18h04 - Atualizado em 26/05/2011 18h04


Livro tem conto considerado de elevado conteúdo sexual, segundo decisão. 
Segundo Secretaria de Educação, livros foram recolhidos no final de 2010.


Do G1 SP

Escola se recusa a distribuir livro no interior de SPJustiça determina que distribuição de livro seja
proibida (Foto: Reprodução/TV Tem)
A Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve liminar concedida em novembro do ano passado que proíbe novas distribuições do livro "Cem melhores contos brasileiros do século" a alunos da rede pública de ensino. A decisão foi em segunda instância e não cabe recurso. Segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, os exemplares foram recolhidos das escolas no final de 2010.
De acordo com a decisão, "a exposição de contos com elevado conteúdo sexual a crianças e adolescentes sem uma análise mais apurada de sua adequação à faixa etária, poderia causar consequências indesejáveis à sua formação". Os livros eram destinados a alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
Segundo o desembargador Maia da Cunha, relator do processo, "as cópias dos contos contestados evidenciam seu elevado conteúdo sexual, com descrições de atos obscenos, erotismo e referências a incestos".
De acordo com a sentença proferida na primeira instância, "a leitura dos trechos destacados, partindo-se da visão do homem médio, a princípio, revela que seriam inapropriados para estudantes do ciclo II do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, que têm entre 11 e 17 anos, sem desmerecer, em hipótese alguma, a qualidade técnica e literária das obras".

O conto considerado inapropriado por pais de alunos do ensino público em Jundiaí é o "Obscenidades Para Uma Dona de Casa", de Ignácio de Loyola Brandão, que narra a história de uma mulher que recebe cartas de um desconhecido. As cartas descrevem detalhadamente momentos de atos sexuais.
Após a decisão anunciada no final de 2010, o escritor disse que os pais “não estão vendo a realidade”. “Nesse momento eu acesso a internet e vejo jovens mandando e-mails com imagens nuas para os amigos. Vejo mensagens no Twitter, de jovem para jovem, muito obscenas”, afirmou o escritor na ocasião. “Eu me pergunto onde estão esses pais que não conversam com os filhos, que não perguntam o que eles acham de sexo, de erotismo, de palavrão. Que mentalidade é essa, de 1500?”
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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: SOBRAM 76 MIL VAGAS EM CURSOS DO MEC

27/05/2011 - 09h07

Sobram 76 mil vagas em cursos do MEC para formação de professores

Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) estuda prorrogar o prazo para que professores da rede pública possam se inscrever em cursos de formação continuada oferecidos pelo governo federal em parceria com instituições públicas de ensino superior. O prazo termina domingo (29), mas até ontem (26) apenas 11% das 86 mil vagas ofertadas tinham sido solicitadas.
Lançado em 2009, o Plano Nacional de Formação de Professores tem como objetivo capacitar docentes que não têm a formação mínima exigida por lei – ou não fizeram o ensino superior ou cursaram graduação em áreas diferentes daquela que lecionam. Para os que já concluíram essa etapa, são ofertadas vagas em cursos de capacitação ou atualização – presenciais, semipresenciais ou a distância – em universidades públicas. Mas a demanda está aquém do que foi planejado pelo ministério.
“No caso da formação continuada, há um componente diferente porque o professor não sabe que curso fazer, a multiplicidade de cursos é muito grande e às vezes isso acaba sendo um entrave porque o professor não localiza o que gostaria de fazer”, acredita Helena de Freitas, assessora da Secretaria de Educação Básica do MEC.
A inscrição do professor deve ser feita pelo diretor da escola com base em um levantamento de qual é a demanda por formação daquela equipe. A lista dos cursos disponíveis, com informações sobre a duração e o conteúdo de cada um deles, está disponível na Plataforma Freire. É lá que o diretor da escola fará a inscrição de seus profissionais que deverão, posteriormente, confirmar o interesse em participar do curso.
No Amazonas e Distrito Federal, menos de 1% das vagas disponibilizadas tinham sido solicitadas pelas escolas até quinta-feira. Pernambuco Rio de Janeiro e Roraima também apresentavam percentuais inferiores a 3%. Sobram oportunidades em todos os estados: a maior procura está em São Paulo, onde 45% das vagas foram solicitadas pelas escolas.
Segundo Helena de Freitas, o ministério estuda se fará algumas mudanças na oferta. É preciso, em diálogo com os municípios, identificar se os cursos estão em sintonia com aquilo que a rede precisa e se os temas são de interesse do professor. As capacitações são variadas: há formação em áreas de conhecimento específicas, como história e geografia, ou em temas mais amplos como direitos humanos e educação ambiental.
“Estamos avaliando o que leva o professor a não procurar a formação continuada, pode ser que muitos estados já trabalhem com ações semelhantes. São muitas variáveis que estão interferindo, não acho que haja desinteresse, mas pode ser que não haja motivação do professor em relação a esses cursos”, afirma.
Outro fator que pode explicar a baixa procura é a carga horária do professor: o MEC incentiva que a Secretaria de Educação flexibilize os horários dos profissionais para que eles possam frequentar os cursos.
“É importante consolidar o sistema de formação, mas dentro de uma carreira. Enquanto o professor não tiver um plano de carreira, ele não vai ver uma perspectiva de desenvolvimento ao fazer um curso como esse. Ele pensa se vai abrir mão ou não do fim de semana para fazer essa capacitação”, aponta Helena.
Diretores e professores interessados nos cursos oferecidos devem acessar a Plataforma Freire para fazer a inscrição, que depois será validada pela Secretaria de Educação à qual estão vinculados.
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quarta-feira, maio 25, 2011

BOLSA DE ESTUDOS PARA ALUNOS DA REDE PÚBLICA


EMBAIXADA AMERICANA OFERECE 35 BOLSAS DE ESTUDO PARA ALUNOS DA REDE PÚBLICA
Os estudantes selecionados irão fazer intercâmbio de três semanas nos EUA
 
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil abriu as inscrições para a 10ª edição do programa de intercâmbio Jovens Embaixadores. Serão selecionados 35 estudantes brasileiros da rede pública, que tenham excelente desempenho escolar, histórico de trabalho voluntário em suas comunidades e boa fluência em inglês. Eles representarão o Brasil como “embaixadores” durante três semanas nos Estados Unidos.
As inscrições para o programa devem ser efetuadas somente pela internet, no Facebook da Embaixada dos EUA, até 7 de agosto. Para mais informações, acesse o site do programa (www.jovensembaixadores.org).
O programa Jovens Embaixadores foi criado no Brasil em 2002 e hoje, é replicado em 25 países. Desde o lançamento, 249 brasileiros da rede pública já participaram do programa.
Os 35 selecionados deste ano viajarão em janeiro de 2012 para os Estados Unidos, onde passarão uma semana em Washington, capital do País, visitando escolas e projetos sociais e participando de oficinas de liderança. Nas semanas seguintes, os alunos serão hospedados por uma família americana, assistirão às aulas em escolas de Ensino Médio, participarão de atividades de voluntariado e farão apresentações sobre o Brasil.
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segunda-feira, maio 23, 2011

DE ONDE VEM A EXPRESSÃO... "DOR DE COTOVELO"?


A famosa “dor de cotovelo” se popularizou por meio dos sambas de Lupicínio Rodrigues. 
Ao revisitarmos a história do samba, vemos que grandes nomes que fizeram parte da trajetória do gênero compuseram letras em que o amor era tematizado. Em geral, as relações amorosas eram pintadas por uma frustração ou infortúnio que impedia a consumação de uma relação bem sucedida. De acordo com alguns biógrafos do samba, a tal desilusão amorosa cantada, muitas vezes, se apresentava como uma extensão das decepções experimentadas na própria vida do compositor.

Lupicínio Rodrigues, famoso compositor gaúcho, foi um dos mais reconhecidos autores desse tipo de letra melancólica. Em muitas delas, dizia que o bar era o lugar ideal para curar os descaminhos da vida afetiva. Na canção “Taberna”, por exemplo, ele constrói um curioso eu-lírico que passou o dia inteiro no bar observando o movimento da freguesia e esquecendo a ingratidão dirigida à amada entre cada um dos tragos ingeridos.

Apesar de não ser possível apontá-lo como o autor da expressão, foi Lupicínio que cumpriu a função estética de popularizar a lendária “dor de cotovelo”. A alegoria que dá sentido ao termo faz justa alusão a quem encosta-se ao balcão de um bar para esquecer o amor perdido e se embriagar. Seguindo a explicação, de tanto ficar recostado no balcão, em completa inapetência, aquele que já sofre por amor acaba “contraindo” uma terrível dor de cotovelo.

Sendo amante de várias mulheres e, por isso, vivendo muitas desilusões no campo sentimental, Lupicínio chegou a desenvolver uma teoria sobre a dor de cotovelo. A dor de cotovelo federal era aquela que só poderia ser curada com embriaguez total. Já a dor de cotovelo estadual era suportável e com o passar do tempo tudo se ajeitava. Por fim, havia a modalidade municipal da dor de cotovelo, que não poderia nem mesmo servir de inspiração para um samba.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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OPINIÃO: QUE EDUCAÇÃO QUEREMOS?

23 de maio de 2011


''O que parece estar evidente, na sociedade brasileira, é o cansaço do atual modelo de Educação'', afirma Arnaldo Niskier

* Arnaldo Niskier

O que parece estar evidente, na sociedade brasileira, é o cansaço do atual modelo de Educação. Em quantidade e qualidade não responde aos nossos anseios. Veja-se o caso do ensino superior. O sonho oficial, agora, é elevar o número de alunos para 10 milhões, em pouco tempo, e para isso o governo faz um curioso apelo à iniciativa privada, tão maltratada durante muitos anos.

Queremos um ensino profissional que siga o modelo das escolas técnicas federais, mas multiplicado muitas vezes. Conseguiremos? No capítulo da qualidade, onde talvez resida a maior deficiência, não temos um quadro de magistério preparado para os imensos desafios da sociedade do conhecimento.

Até mesmo os badalados computadores são utilizados de forma precária, nas salas de aula, pois falta adequado treinamento dos mestres e até, em alguns casos, uma certa vontade de aderir ao novo, como se isso pudesse sacrificar postos de trabalho.

É nesse panorama que, hoje, se abre uma larga discussão em torno do futuro da Educação brasileira. A economia brasileira está crescendo, é verdade, mas os desafios ainda são imensos. A divulgação de que temos 16,2 milhões de brasileiros vivendo na miséria absoluta (ganham menos de R$70 por mês) foi um choque na consciência nacional. E nos remete para a discussão sobre o valor da Educação.

Foi o que fez o Ipea, ao promover, em Brasília, com apoio da Unesco, o Seminário Internacional Educação e Desenvolvimento, com discussões muito ricas sobre se existe ou não um enlace entre esses dois vetores. Para o senador Cristovam Buarque, presente ao encontro, a resposta é afirmativa.

Tanto que ele defende a existência de uma nova Educação, em que nossos alunos não sejam mais submetidos a somente 115 dias letivos, efetivamente, e que na maioria das escolas haja mais do que as atuais 2h30 de aulas diárias. "É preciso que sejam seis horas diárias, no mínimo", disse ele. Logo corrige: Se aumentarmos a carga horária, porém, não haverá professores disponíveis.

O especialista Eduardo Chaves, da Unicamp e do Instituto Ayrton Senna, divergiu do senador e ex-ministro Cristovam Buarque: "Educação não é meio para o desenvolvimento, nem o instrumento para a transmissão da herança cultural. Isso a tornaria só instrumental. Ela é mais do que isso". Com a experiência de toda uma vida dedicada ao magistério (Filosofia da Educação), perguntou de modo claro: "Por que educar?" e "Para que educar?".

Concordou com a atual postura da Unesco de que a aprendizagem se faz ao longo da vida e acrescentou: "As atuais mudanças na aprendizagem devem ser maiores, sistêmicas, holísticas, profundas."É preciso buscar uma nova forma de ver a Educação, pois os alunos de hoje não são os mesmos de antigamente. Eles mudaram muito -e aí está a inclusão digital para nos dar razão.

Recolhemos do escritor Peter Senge a expressão adequada: "Estamos diante da aprendizagem como processo de se tornar capaz". É aprendendo que o ser humano se desenvolve. Isso exige ambientes de aprendizagem que apoiem e orientem os desejosos de aprender. A avaliação, hoje tão em voga, não se justifica como obstáculo a esse processo, mas, sim, como um valioso mecanismo de apoio.

Aqui se inclui também a busca da eficiência. Quando se sabe que 32% do tempo em sala de aula são gastos com chamadas e questões disciplinares, em prejuízo dos conteúdos curriculares, alguma coisa de muito errada acontece no sistema brasileiro. Se não houvesse tamanho desperdício, talvez se pudesse dar aos nossos alunos mais tempo para aprender uma segunda língua estrangeira e mais aulas de computação. Isso evitaria o temido apagão intelectual.

Todas essas considerações nos levam a uma preocupação permanente: as nossas crianças, nas escolas, não estão aprendendo a pensar. É claro que não são todas, mas isso ocorre com boa parte delas, sacrificando, de alguma forma, a existência de um promissor desenvolvimento científico e tecnológico.

Falta um elo importante na cadeia educativa. Sempre recordamos a visita feita à Universidade de Estocolmo, quando ouvimos do seu reitor que um dos três cursos superiores mais importantes da instituição era o de formação de pensadores. E nós?  
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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domingo, maio 22, 2011

DOMINGÃO DO FAUSTÃO: A LUTA POR UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE CONTINUA (PROFª AMANDA GURGEL)

Amanda Gurgel continua sua luta por uma educação melhor

dom, 22/05/11

por Editor |
categoria Entrevista

Amanda Gurgel chamou a atenção na Audiência Pública da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. A professora fez um discurso indignado, apontando os principais problemas de educação do país, os baixos salários dos professores e a falta de estrutura das escolas públicas.
Amanda veio ao Domingão para continuar sua luta pela melhoria no ensino do país e por condições mais dignas para os professores.“Eu acredito que faz parte do processo educacional ensinar a luta pelos seus direitos. Eu ensino meus alunos a lutarem, portanto eu tenho que ser a primeira”, afirmou Amanda.
Ainda sobre as condições salariais, a professora foi direta: “O salário de um deputado só é suficiente para pagar o de 30 professores.”
Em uma enquete realizada em todo país, 98% concorda com o discurso da professora.
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ENTREVISTA DA PROFESSORA AMANDA GURGEL: GLOBO NEWS E RNTV




PROFESSORA AMANDA GURGEL: "EU ERA APAIXONADA PELA PROFISSÃO"


publicado em 22/05/2011 às 12h58:

“Eu era apaixonada pela profissão”,
diz professora que ficou famosa na internet


Amanda Gurgel conquistou cerca de 800 mil internautas ao atacar o descaso com a educação
Renan Truffi, do R7

Julia Chequer/R7

Em entrevista ao R7, Amanda Gurgel diz que sonho de ser professora foi "desconstruído"

A professora do Rio Grande do Norte que inspirou quase 1 milhão de internautas com um desabafo sobre a educação está contaminada pela ineficiência do ensino público.

Antes apaixonada pela carreira, agora Amanda Gurgel fica pensativa quando questionada sobre o que sente pela profissão.

Leia também:Amanda Gurgel: escolas deixam os professores doentes
Blog Marcos Pereira: saiba por que a educação está um caos 

- Eu acho que eu era [apaixonada pela carreira de professora]. Tive um sonho que foi desconstruído. Quando entrei na universidade, eu imaginava que ser professor era uma coisa, mas na prática era outra.

A professora de 29 anos ficou famosa, depois que um vídeo em que aparece criticando políticos na Assembleia Legislativa do Rio Grande teve cerca de 800 mil acessos.

Ao R7, ela repetiu a mesma precisão que a deixou conhecida para explicar como a alta carga de trabalho interfere diretamente no desempenho dos educadores em sala de aula.

- Quando entrei para a profissão, na segunda semana sabia o nome de todos os alunos. Mas, teve uma época em que tive de cuidar de cinco turmas. Eram uns 700 alunos. Eu tinha vergonha porque não sabia o nome deles. Com o tempo, você vai se sentindo medíocre. Você não se lembra o nome do aluno e, por consequência, não consegue associar ao nível de desenvolvimento dele. Acaba que estamos ali em uma atividade meramente burocrática mesmo.

Por causa desta situação, Amanda Gurgel teve de se afastar da carreira. Ela teve depressão em 2008 e tirou licença médica.

Hoje, está em readaptação de função e trabalha no laboratório de informática e na biblioteca de uma escola do seu Estado.

Mas, a doença só ajudou a professora a entender os problemas que impendem o desenvolvimento do ensino no país. Ela culpa a falta de valorização do profissional pela fraca educação brasileira.

- O governo só quer manter o aluno na sala de aula. A escola é hoje um depósito de crianças. De modo geral, professor não tem tempo de estudar, não tem tempo para ler. A realidade é essa.

Apesar de todos os problemas pelos quais passou a professora Amanda ainda se mostra esperançosa. Ela nega que possa fazer algo sozinha, mas acredita que o sucesso do vídeo pode incentivar a categoria e os brasileiros a protestaram por melhorias na educação.

- Eu não me vejo como heroína, mas é inegavel que esse é um momento inédito a partir da repercussão [do vídeo]. Eu acredito que se conseguirmos transformar isso em ação podemos pressionar os governos.

Veja o discurso de Amanda Gurgel na íntegra:


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