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domingo, outubro 31, 2010

GRANDES QUESTIONAMENTOS...

Estes textos foram escritos pelos alunos da EE Maurício Montecchi - Pitangueiras/SP., atendendo à solicitação da Profa. Silvana M. Moreli (Língua Portuguesa).

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Camila Pereira - 8ª Série B


COMO POSSO E POSSO COMO?

Como posso fazer a lição se não a li?
Como posso aprender se não fiz a lição?
Como posso fazer a prova se não aprendi?
Como posso passar de ano se não fui bem nas provas?
Como no futuro posso ser alguém importante se na escola não fui ninguém?

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POR QUE?

Mariana da Silva Valentim e
 Aline Soares Santos - 8º Série A


Por que dormir se eu vou acordar?
Por que viver se eu vou morrer?
Por que sonhar se o sonho não vai se realizar?
Por que? Por que? Por que?
Por que amar se eu não sou amada?
Por que chorar se ninguém merece minhas lágrimas?
Por que? Porque? Por que?
Por que limpar se vai sujar?
Por que escrever se vai apagar?
Por que jogar água se vai chover?
Por que? Por que? Por que?
Por que ter um amigo se eu posso ter vários?
Por que confiar em alguém se vamos ser traídos?
Por que ter orgulho se eu posso me redimir?
Por que ser triste se eu posso ser feliz?
Por que se perguntar se nada tem resposta?
A vida não tem as repostas;
Vivemos em um ponto de interrogação 
E o mundo... é pura ilusão!
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O APOIO 

Cláudio Bento A. Lucio  - 8ª Série A

Como seria o corpo sem os ossos?
Como seria a mesa sem os seus pés?
Como seriam as árvores sem as raízes?
Como seria o carro sem as rodas?
Como seria a escola sem os alunos?
Como seriam as pessoas sem os seus trabalhos?
Como seria o futuro sem o passado?
Como seriam as coisas sem independência?
Haveria algo que não fosse dependente? O quê?
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DÚVIDAS OU RESPOSTAS? RESPOSTAS DAS DÚVIDAS?
Francielle Beato Faria - 8ª Série A

Branco ou preto?
Doce ou salgado?
Dia ou noite?
Verão ou inverno?
Praia ou cidade?
Viajar ou ficar em casa?
Loiro ou moreno?
Por que sempre temos que escolher entre um ou outro?
Por que não podemos gostar de tudo?
Por que?
Por que Romeu amou tanto a Julieta?
Por que não andamos de cometa?
Por que durante o dia tem-se o sol e à noite, a lua?
Por que minha mãe nunca deixou que eu brincasse na rua?
Por que?
Por que depois do um vem o dois?
Por que os japoneses gostam tanto de arroz?
Por que nascemos carecas e sem dente?
Por que não posso tomar sorvete quente?
Por que os nomes dos primeiros seres humanos foram Adão e Eva?
Por que depois do inverno vem a primavera?
Por que a vida tem tantas perguntas e tão poucas respostas?
Por que?
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SE... PORQUE...
Igor Barbosa Zago - 8ª  Série A

Se o mundo dá voltas, é porque já estivemos parados.
Se um dia cresci, é porque já fui pequeno...
Se no futuro for alguém, é porque no passado me esforcei.
Se você não é nada, é porque não deu valor à sua chance...
Se você se arrependeu, é porque sabe que errou.
Se você foi assim e hoje não é mais, é porque soube reconhecer seus erros e mudar...
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Cíntia Dias Fernandes - 8ª Série A




EU POSSO SER EU?

Como posso ser eu,
Se você não aceita o meu eu?
Como posso ser outro eu
Se eu tenho o meu próprio eu?
Que pena que você não aceita o meu eu!
Penso: como poderia ser o eu que você quer? Por que você não aceita o meu eu?
Será que um dia você vai aceitar?
Quando quiser, estarei aqui... sendo sempre eu mesma...
Eu e o meu eu!
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O QUE FAZER PARA MANTER A ATENÇÃO DO ALUNO?

29/10/2010 - 03h06
Para manter atenção do aluno, educador busca deixá-los "invocados"

LUCIANO GRÜDTNER BURATTO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O engenheiro Sérgio Américo Boggio passa os finais de semana em um laboratório de ciências que montou em seu sítio, no interior de São Paulo. Lá, desenvolve kits de física e química e técnicas de ensino destinadas a capturar o mais volátil dos elementos: a atenção do aluno.
Ex-professor de física da Universidade São Judas e diretor de tecnologia do colégio Bandeirantes desde 1982, Boggio começou a notar uma mudança no perfil dos ingressantes a partir dos anos 90.
Segundo ele, esse novo aluno é multitarefa, muito visual e pouco tolerante a frustrações. Para reter sua atenção, Boggio acredita que é preciso desafiar constantemente seu senso comum com exemplos do dia a dia.
"Por exemplo, pergunto aos alunos: 'Qual é o melhor tipo de para-choque: aqueles antigos, fortes ou essas porcarias moles de hoje que se bater quebram e caem?'. Eles costumam escolher a primeira opção", afirma.
"Aí explico que é preciso entortar o para-choque, que absorve o impacto, e não o motorista. Por isso, o para-choque mole é melhor. Os alunos ficam invocados e acabam prestando mais atenção."
Exige-se hoje nas escolas o domínio de um currículo extenso. Como então manter a atenção do aluno com tanto conteúdo sendo apresentado. "No paradigma atual, joga-se tudo para o aluno para ver se ele aproveita alguma coisa. Mas acho que seria melhor dar bem dado pouco conteúdo que dar mal dado muito conteúdo", opina Boggio.
"O resto do material pode ser colocado no site do curso. Na sala, tiram-se as grandes dúvidas. Com isso, dá-se mais tempo para que até o aluno mais lento consiga aprender e acompanhar o curso, sem cansá-lo tanto."
Boggio também defende o poder motivador de blogs para redações, as singularidades do aluno atual e o contato com montagens, que exigem perseverança, para a formação de um bom profissional.

Ouça trecho da entrevista concedido pelo professor à Folha.

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sexta-feira, outubro 29, 2010

CHIQUE MESMO É SER FELIZ!

Recebi esse texto por e-mail de uma amiga querida, a Laís Junqueira. Há algum tempo, esse mesmo texto foi publicado no site da Ana Maria Braga, no espaço "mensagens". Algo para se pensar...
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Trecho do livro "A quem interessar possa", de Gilka Aria.

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como atualmente. A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão a venda. Elegância é uma delas. Assim, para ser chique é preciso muito mais que uns guarda-roupas recheados de grifes importadas. Muito mais que um belo carro Alemão. O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta.

Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes. Mas que, sem querer, atrai todos os olhares, porque tem brilho próprio.

Chique mesmo é quem é discreto, não faz perguntas inoportunas, nem procura saber o que não é da sua conta. Chique mesmo é parar na faixa de pedestre e abominar a mania de jogar lixo na rua. Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e as pessoas que estão no elevador. É lembrar do aniversário dos amigos.

Chique mesmo é não se exceder nunca. Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir. Chique mesmo é olhar no olho do seu interlocutor. É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção à sua companhia.

Chique mesmo é honrar a sua palavra. É ser grato a quem lhe ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios. Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, mas ficar feliz ao ser prestigiado.

Mas para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre do quanto que a vida é breve e de que vamos todos para o mesmo lugar.

Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se cruzar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem. 
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!

CHARGE: EU PROMETO...


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CHARGE: GRÁFICO


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CHARGE: VISTA CURTA...


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domingo, outubro 24, 2010

23 DE OUTUBRO: CASAMENTO DE FABRÍCIO E LÍVIA

O CONVITE:


A IGREJA / A CERIMÔNIA:







A FESTA:

















UMA LEMBRANÇA PARA OS CONVIDADOS:



Aos noivos ficam os sinceros votos de muitas felicidades, de muitas bençãos, de muito amor...

Um grande abraço dos tios Aércio e Silvana

sexta-feira, outubro 22, 2010

CAMINHO DA REALIZAÇÃO

Planejamento, qualificação profissional e boa leitura das diferentes realidades do campo educacional podem fazer com que se obtenha realização na carreira docente. Até mesmo financeira
 
Valéria Hartt

A habilidade de interagir com seus pares é essencial para a carreira docente

Diante do desprestígio social, a carreira do professor - da professora, na esmagadora maioria dos casos - há tempos deixou de seduzir os jovens universitários. Sobram indicadores para apontar a queda livre. O que sur­preende é o que está na contramão dessa visão do senso comum: a constatação de que existem professores bem-
sucedidos, realizados profissionalmente e com salários bem acima da média do mercado. Afinal de contas, seria possível sonhar com o casamento entre realização profissional e prática do magistério?

Especialistas em recursos humanos apontam caminhos que podem, sim, fazer a diferença na carreira, enquanto exemplos confirmam que a excelência na educação passa obrigatoriamente pelo binômio salário e qualificação do professor.

O termo "carreira" costuma vir acompanhado de um predicativo - carreira acadêmica, carreira científica, literária e assim por diante. Mas antes de falar na extensão, é preciso compreender o principal, segundo os analistas: a própria carreira.

Carlos Bitinas, da DRH Talent Search, consultoria especializada na busca e seleção de talentos profissionais, ecoa uma visão bastante difundida no mundo de RH. Acredita que a carreira é um bem essencial, porém frequentemente pouco compreendido pelos profissionais. Isso porque normalmente ingressamos no mundo do trabalho sem conhecer as características das etapas de uma profissão e, menos ainda, como manejá-las. E, quando começamos a trabalhar, a instituição que nos acolhe também não costuma estar muito preocupada com isso, mas concentrada em ter sua força produtiva. Assim, não é incomum que a falta de intimidade com a carreira persista às vezes ao longo de toda a sua duração.

O magistério não foge à regra. Por essas e outras, um bom ponto de partida para a tão sonhada realização profissional é compreender o significado da carreira, em toda a sua extensão. A palavra vem do latim vulgar,  carraria, que designa um caminho, que não é necessariamente regular e menos ainda um caminho ascendente. "O importante para o profissional é saber fazer as escolhas certas durante o caminho", recomenda Bitinas.

E a lição aqui é inverter a lógica corrente: o professor não se deve deixar conduzir pelo mercado, mas, ao contrário, assumir as rédeas da própria carreira.

Escolhas e possibilidades 
O desafio começa na escolha da profissão, pois identificar a própria vocação nem sempre é tarefa simples. A chamada voz interior parece ser aquela que temos mais dificuldade de ouvir, ainda que renegá-la possa significar enorme desperdício de talento. A tendência é buscar as profissões ou as carreiras que dão mais status, poder ou dinheiro, que não são necessariamente aquelas mais alinhadas aos talentos e pendores de cada um.

"Na vida profissional, não é isso que garante realização. É o nosso desejo que precisa prevalecer", destaca Mariá Giuliese, sócia da Lens & Minarelli, uma das gigantes do mercado de recolocação e consultoria em RH, que fala sobre o "efeito manada": "vivemos na sociedade da imagem, em que tudo nos estimula a olhar para fora e atender à demanda exterior, mas acabamos pagando essa conta mais tarde", alerta.

No caso do magistério, como tornar viável o sonho da realização profissional e sustentar a escolha diante desse olhar social que tanto desvaloriza o profissional de ensino?
Refletir a partir dos valores do próprio campo educacional é fundamental.

"O  professor deve meditar seriamente sobre sua escolha e compreender que a pobreza de reconhecimento [externo] faz parte dessa opção. Isso o conduz ao desafio de suportar a si mesmo, de valorizar-se acima da avaliação alheia, de crer em si quando poucos o reconhecem", sustenta José Ernesto Bologna, fundador da consultoria Ethos - Desenvolvimento Humano e Organizacional e especialista em psicologia do desenvolvimento aplicada à administração e à educação.

Sem dúvida, um desafio e tanto, mas é preciso reconhecer que um professor que se valoriza será, certamente, mais interessante aos olhos do outro. E aqueles que conseguem contribuir de maneira efetiva para a formação de seus alunos costumam ser valorizados, mesmo em meio a um todo social que tem tendido a desqualificar e desprestigiar o professor.

Teoria e prática
Vincular precocemente teoria e prática é uma das recomendações de Marcelo Maghidman, da Tafkid  Marketing Educacional e Cultural. "Essa experiência é determinante na progressão da carreira", sinaliza. E lembra que é preciso estar atento à qualificação profissional, recomendação consensual entre os especialistas.

No caso do professor, significa ter em mente que o diploma inicial é condição necessária, mas está longe de dar respostas a todas as exigências da profissão. O que se espera - e que faz a diferença - é que o professor, como qualquer outro profissional de outros setores, invista em sua formação. Do contrário, corre o sério risco de permanecer na ladainha, na eterna crítica aos cursos de formação inicial. Reconhecer as deficiências é sinal positivo, que indica a busca de crescimento pessoal e profissional. E quem está disposto a se aprimorar profissionalmente conta hoje com opções de sobra, inclusive de cursos a distância. Mas é preciso ser seletivo e saber escolher o que de fato vai promover o desenvolvimento da carreira.

Educação continuada
O alerta vem do especialista Gutemberg Leite, da Meta Consultoria em RH, para quem é preciso ter cautela com o modismo da educação continuada. "Os variados cursos oferecidos nem sempre têm conexão com o aprimoramento do professor, levando-o à dispersão, pressionando-o a estudar temas que não irão contribuir como um fator positivo em sua prática em sala de aula", pontua.

Seja qual for a escolha, há demandas que, em tese, o professor precisa cumprir. Nos dias de hoje, além da formação específica e pedagógica, qualquer professor deveria saber planejar e gerenciar sua carreira e seu tempo (no âmbito de suas práticas de classe e fora delas). E mais: saber falar inglês, conhecer as novas tecnologias, dominar o uso do computador, navegar e utilizar a internet, as redes sociais...

Quem paga a conta
Um dos maiores desafios é conciliar a realidade financeira do magistério a essas variadas demandas de formação. As instituições privadas saem na frente e muitas investem na qualificação de seus quadros de professores. As redes públicas, mais frágeis na oferta de atrativos dessa ordem para seus profissionais, têm mais dificuldades de reter seus talentos. Assim, os professores que se formam nas universidades públicas, normalmente mais bem formados, acabam buscando colocações em escolas particulares, que atendem à menor parcela da população (cerca de 13% dos alunos da Educação Básica).

 "O caminho para retomar o processo de revalorização do professor, que na nossa visão é estratégico para vencer o desafio da qualidade, passa necessariamente por um salário inicial atraente e por uma carreira promissora, que promova o desenvolvimento do professor ao longo da vida", resume Mozart  Neves Ramos, do Todos pela Educação.

Ampliando o leque
Claro que os melhores salários ainda estão concentrados na rede privada de ensino. Escolas particulares de primeira linha em geral remuneram melhor o professor e dão mais oportunidades de crescimento profissional, mas esse não é o único caminho. "Existe uma demanda cada vez maior por profissionais muito especializados para atuar no magistério, em instituições que têm o objetivo de formar profissionais", garante Mariá Giuliese, da Lens & Minarelli.

Por outro lado, há iniciativas capitaneadas pelo terceiro setor, que tem presença crescente no mundo da educação. "É o caso da Comunidade Educativa, que trabalha pela melhoria da escola pública e é custeada pelo setor privado, com participação de empresas como a Vale, Votorantim, Natura etc.", ilustra Maghidman. "São nichos ainda reduzidos, mas que podem crescer muito e sinalizam caminhos bastante atraentes para o magistério", defende.

Para ampliar sua própria atratividade, o professor também pode - e deve - exercitar boas doses de ousadia e criatividade. É preciso ampliar o leque de competências e habilidades, o que  não significa dar as costas para a Educação Básica. Significa que progredir na carreira não tem nada que ver com lecionar em cursinhos pré-vestibulares ou atuar em consultorias.  O magistério não é uma carreira que se esgota, porque a arte de ensinar pode ser aplicada em diferentes circunstâncias. O professor pode escrever livros didáticos, pode ter como objetivo alcançar um cargo de coordenação (sem deixar a sala de aula, o que enriquece ambas as experiências), dedicar-se a grupos de alunos com dificuldades de aprendizagem, enfim, pode trilhar diferentes caminhos e explorar novas oportunidades.  

Ousadia e evolução
Correr riscos, aliás, também conta pontos para o desenvolvimento profissional. Significa arriscar-se em novas posições no plano hierárquico - o professor que se arrisca a ser tutor de uma turma - ou se arriscar a formular novas propostas, a apresentar, por exemplo, um projeto interdisciplinar. É a chance de fazer a diferença. "Isso ajuda a ganhar visibilidade dentro da instituição. Para progredir na carreira é preciso ousar e assumir novas responsabilidades", diz Bitinas, da DRH Talent Search.

Outro aspecto imprescindível é a chamada inteligência relacional, que dá conta de como o professor se comporta dentro de grupos e no contexto social. "De nada adianta ser um profundo conhecedor da matéria e ser um autista social", compara Maghidman. O professor precisa ter a habilidade de se comportar em grupos, de compor com seus pares e colegas de trabalho. Do contrário, dificilmente vai avançar na carreira. "Está cheio de gente muito titulada, com bastante conteúdo, mas que tem um componente relacional complicado. Aí não progride na carreira e acaba sendo deixada de lado, porque não é capaz de construir coletivamente", completa o consultor.

O alerta vem ao encontro de uma dimensão importante do trabalho docente: a de que é preciso haver um ambiente propício às relações de ensino e aprendizagem, o que pressupõe suporte e amparo institucional. Para que o conjunto dê certo, é necessário contar com professores interessados e bem formados. Mas a abnegação pessoal muitas vezes se esvai quando não existe articulação entre as partes.

Dez passos para planejar a carreira
1 - Identificar a vocação.
A carreira bem planejada é aquela que está alinhada com o sonho pessoal e com aquilo que o profissional de ensino tem a oferecer.

2 - Fixar objetivos claros e metas de curto, médio e longo prazo.
Para projetar o futuro, é sempre bom avaliar os passos já percorridos. Bons questionamentos sobre o que se quer valem mais do que respostas prontas. Qual a direção a seguir, qual a expectativa de desenvolvimento, o que é preciso fazer para alcançar os objetivos propostos? Um cronograma de ações ajuda a
dar concretude ao processo.

3 - Desenvolver a inteligência sociorrelacional. 
É a capacidade de estabelecer vínculos interpessoais e mantê-los positiva e progressivamente, em particular no ambiente educacional. Manter viva e bem cuidada sua rede de relacionamentos.

4 - Estar Atualizado. 
Isso vale para diversas frentes: conteúdos, métodos, linguagens, tendências setoriais. No caso da educação, significa também estar atualizado sobre o ambiente educacional, conhecer o que é valorizado e suas carências. Isso pode ajudar, por exemplo a escolher uma especialização em área onde haja mais oportunidades.

5 - Aprimorar competências e qualificações. 
Mais do que a maioria dos outros campos, o conhecimento renovado é um aspecto central para os educadores. E isso vale não só para aquilo que se adquire no âmbito formal.

6 - Ter sensibilidade, visão de conjunto e de contexto.
Significa que além de tratar os fatores pessoais é preciso estar atento a questões externas capazes de interferir no desenvolvimento do seu projeto.

7 - Manter atitudes construtivas e positivas
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Esse tipo de postura ajuda a lidar com as dificuldades de uma maneira lúcida e pragmática, fugindo do rame-rame de lamentação muito comum entre docentes.

8 - Qualidade de vida. 

Conferir como a atividade escolhida interfere em sua saúde e bem-estar.
9 - Planejamento financeiro.
Fazer reserva financeira para empreender seu projeto
10 - Revisão anual de seu plano. 
Cotejar suas ambições com a realidade é essencial para fazer ajustes e aprimoramentos.

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Como reconhecer e auxiliar crianças hiperativas na escola

Juliana Carvalho
Professora e redatora
Em minha experiência como professora, pude ajudar algumas crianças diagnosticadas como hiperativas, mas tenho percebido que nos últimos dois anos esse número vem aumentando muito, por isso decidi aprofundar minhas pesquisas sobre o assunto. Minha intenção não é fazer diagnósticos – apenas o médico está apto a isso. Mas é fundamental para nós, professores, saber quais atitudes caracterizam o comportamento hiperativo. Crianças que gostam de se expressar, que sempre estão em movimento, fazendo algo e parecem incapazes de ficar quietas muitas vezes estão apenas sendo... Crianças!
A hiperatividade, também denominada, na medicina, transtorno do déficit de atenção –TDAH, pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas podem incluir problemas de linguagem e das habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, a impulsividade e a instabilidade emocional da criança.
O TDAH pode estar relacionado à perda da visão ou audição ou a problemas de comunicação – como a incapacidade de processar símbolos adequadamente. Pode surgir também estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono. O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança.
As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, têm infinita curiosidade e forte necessidade de explorar; por isso, são extremamente propensas a se machucar e a quebrar e danificar objetos. Também são incapazes de filtrar estímulos e então se distraem facilmente. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente.
Para perceber se uma criança é realmente hiperativa, é preciso notar vários desses sintomas. Uma criança ser agitada não significa que seja portadora do TDAH. Um dos sintomas que percebi em todos os meus alunos diagnosticados como hiperativos é que eles tendem a ser muito carentes e agarrados às pessoas. Precisam de atenção e de ser tranquilizados – o que nem sempre conseguimos proporcionar no ambiente escolar. É importante perceber que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm muita dificuldade em obedecer a essas regras, mas esses comportamentos são acidentais – e não propositais.
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da dificuldade para aprender, ela é quase sempre muito inteligente e sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, não consegue se controlar. Isso pode gerar frustração, desânimo ou vergonha. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa.
Essas crianças muitas vezes se sentem isoladas dos colegas, mas não entendem por que são tão diferentes. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola ou em casa, elas podem sofrer estresse, tristeza e baixa autoestima.
É muito importante que o professor tenha auxílio de um profissional de saúde mental para apoiar seu trabalho na escola – o que infelizmente não acontece. Além disso, é essencial que todos os docentes tenham ao menos uma noção básica da doença, que saibam reconhecer os sintomas e estejam preparados para as consequências em sala de aula. Saber diferenciar incapacidade de desobediência é fundamental.
Como afirma a psicóloga Résia Morais, “um especialista em comportamento infantil pode ajudar a distinguir entre uma criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. Até mesmo as crianças menores podem correr, brincar e se agitar, felizes, durante horas sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço. Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente – e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa –, é importante que a criança receba um diagnóstico preciso”.
O site Saúde do bebê dá uma sugestão importante para os pais: “Ao tratar da criança hiperativa, sua meta é ajudá-la a fazer o melhor possível em casa, na escola e com os amigos. Lembre-se sempre de que essa criança está lutando com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. Se for preciso, explique mais de uma vez e não hesite em chamar sua atenção quando não se comportar bem”.
Não é fácil ser professor de várias crianças hiperativas na mesma sala de aula, mas espero que estas dicas ajudem a reconhecer e a auxiliar essas crianças a superar tantas dificuldades.

Leia mais:

RAMBALDI, Vanda. OTDAH na escola (matando um leão a cada dia). Disponível em:http://www.tdah.com.br/paginas/gaetah/Boletim10.htm. Acesso em 09/09/10.
PORTAL EDUCAÇÃO. Hiperatividade: 50% dos indivíduos continuam na vida adulta.Disponível em:http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/6531/hiperatividade-50-dos-individuos-continuam-na-vida-adulta. Acesso em 08/09/10.
Publicado em 19 de outubro de 2010

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SERRA X MOTOSSERRA

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POLÍTICA E ABORTO: A POLÊMICA CONTINUA...

CHARGE: ARTE CÊNICA


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domingo, outubro 17, 2010

EPTV NA ESCOLA 2010 - "CONECTAR, NAVEGAR, TRANSFORMAR"

TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE

A INFORMAÇÃO É O MELHOR CAMINHO!
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O que é o TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

Existe mesmo o TDAH?
Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.

Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH?
Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este respeito. Consenso é uma publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo, incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham necessariamente as mesmas idéias sobre todos os aspectos de um transtorno.

Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?
Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.
No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer pesquisa demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum grupo científico. Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam casos que somente eles conhecem porque nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sítios na Internet, mas nunca apresentaram seus “resultados” em congressos ou publicaram em revistas científicas, para que os demais possam julgar a veracidade do que dizem.

Os segundos são aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente daquilo que é atualmente preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo correto.
Tanto os primeiros quanto os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com medicamentos causa conseqüências terríveis. Quando a literatura científica é pesquisada, nada daquilo que eles afirmam é encontrado em qualquer pesquisa em qualquer país do mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos: apesar de terem uma “aparência” de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que comprovasse o que dizem.
Veja um texto a este respeito e a resposta dos Professores Luis Rohde e Paulo Mattos:

O TDAH é comum?
Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.

Quais são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:
1) Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

Quais são as causas do TDAH?
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.

A) Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).
Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.
Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDAH.
A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDAH.

B) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.

C) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.

D) Exposição a chumbo:

Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.

E) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).
Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.

F) Outras Causas

Outros fatores já foram aventados e posteriormente abandonados como causa de TDAH:

1. corante amarelo
2. aspartame
3. luz artificial
4. deficiência hormonal (principalmente da tireóide)
5. deficiências vitamínicas na dieta.

Todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente e foram desacreditadas.

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sábado, outubro 16, 2010

IÇAMI TIBA E O DIA DOS PROFESSORES

Dia dos professores

Por Içami Tiba
E o dia dos professores está chegando de novo. O que se espera do professor -formado para ensinar numa estrutura rígida/sólida como a escola- nestes tempos "líquidos"? O que o senhor teria a dizer para esses profissionais que andam tão perdidos?
A educação pública é como um trem. Um trem com uma única locomotiva puxando muitos milhares de vagões, a correr por trilhos já construídos há muito tempo. Houve uma época em que este trem era a melhor opção para todos os estudantes.
A falta de manutenção e de atualização deste trem, dos trilhos e das estações permitiram e estimularam grupos privados à construção de novos e diferentes trilhos com locomotivas mais modernas e mais ágeis, com vagões mais ricos e confortáveis, equipados com aparelhagem e recursos que satisfaziam mais os passageiros, inclusive com os funcionários que recebiam seus salários pela meritocracia e não simplesmente por estarem profissionalmente lotados. O número de trens particulares aumentou muito, mas vingaram as que mereceram porque foram melhores administradas e também pela sucatização dos trens públicos. Infelizmente, os trens públicos ganham o olhar da política somente em vésperas de eleições, que pouco fazem ou conseguem fazer, e permitem que a sucatização continue. Alguns maus políticos até desviam para si as verbas a elas destinadas, ou gastam-nas em outros setores ou ainda são mal gastas dentro do próprio setor. O pior é que os próprios professores públicos acabam perdendo suas forças por escolherem mal seus representantes políticos.
Nem todos os trens privados são bons como nem todos os públicos são obsoletos. Há exceções para todas as regras. Nem todos os alunos são carentes nas públicas como nem todos são ricos nas privadas. Mas ficou uma voz corrente que tais trens públicos são mais fracos e os alunos-passageiros pouco aprendem e poucos conseguem atingir o estudo superior. Alguns pais empobrecidos pela crise financeira e/ou desanimados com o fraco desempenho escolar dos seus filhos ameaçam-nos e de fato cumprem promessas, matriculando-os em escolas públicas. Assim, o nível dos seus alunos-passageiros piora em relação aos seus colegas dos trens privados.
Os funcionários dos trens no vagão são os professores e o local de trabalho é o próprio vagão. Por melhor ou pior que seja o professor no vagão, os trens continuam suas rotas pré-determinadas pelos trilhos, com os seus programas pedagógicos, formas de relacionamentos entre professor-aluno, estrutura física da sala de aula, recursos materiais etc., principalmente nos trens públicos. Nos privados há maior interação entre os vagões e a locomotiva, chegando-se, inclusive, a construir novos caminhos para os trens.
A maioria dos professores acabam se amoldando aos vagões onde trabalham, e as condições de trabalhos que recebem. Mesmo tendo as mesmas funções focadas no ensino-aprendizagem, há imensas diferenças entre os vagões públicos e particulares, sendo toda a população dos vagões públicos os mais maltratados.
Os professores públicos são sacrificados não só pelos parcos salários que recebem, que mal conseguem sobreviver, mas também da maneira como são tratados pelos “donos dos seus vagões”. São verdadeiros heróis os que conseguem bons resultados, pois estes dependeram praticamente dos seus próprios esforços, seus empenhos e criatividades, seus focos na aprendizagem dos seus alunos-passageiros, fazendo quase que por conta própria suas atualizações e capacitações curriculares.
Aos professores as minhas sinceras homenagens no seu dia comemorativo (mesmo que eu acredite que eles mereceriam ser homenageados todos os dias porque também deles depende o futuro do Brasil).
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Içami Tiba

Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu "Família de Alta Performance", "Quem Ama, Educa!" e mais 26 livros.

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