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domingo, março 04, 2012

"A VIDA DA GENTE..."


Último capítulo da novela "A VIDA DA GENTE" (Rede Globo). O personagem Lourenço, Professor de Literatura, durante a aula, faz a seguinte explanação:

"Ninguém entra num mesmo rio pela segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras.
Foi um filósofo grego que viveu no século V a.C., Heráclito de Éfeso que fez essa formulação que até hoje nos fascina: o fluxo eterno das coisas; é a própria essência do mundo - apontou Heráclito. E, se ainda hoje ficamos espantados com isso é porque nos apegamos teimosamente ao que já passou, esperando, no fundo, que tudo permaneça igual.
Então, é necessário um filósofo da Antiguidade ou um escritor contemporâneo para nos fazer entender que nada é permanente, a não ser a mudança.
Olha só, eu separei aqui um trecho do "Grande Sertão", onde Guimarães Rosa fala um pouco sobre isso. Olha só que beleza: "O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando - afinam ou desafinam, - verdade maior é o que a vida me ensinou".
Não é incrível? O filósofo flagra a fluidez e o escritor se maravilha com isso: "É o mais bonito da vida", diz Guimarães Rosa. É uma celebração do movimento, não é um lamento.
O tempo não para e isso é belo. Então, na semana que vem nós nos encontraremos aqui e eu serei outro e vocês também."




Em um outro momento, Dona Iná (a avó que todos gostariam e deveriam, por direito, ter), fez um brinde e proferiu a seguinte frase:


"Muda o amor, mudam as pessoas, muda a família, só o tempo permanece do mesmo modo... sempre passando!".


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Senti muito por não ter podido assistir mais dessa novela por conta do horário de exibição. Sempre que possível eu assistia e me emocionava. Do início ao fim ela mostrou a que veio: catarse - essa foi a sua função precípua. Eu, particularmente, me vi inserida naquele contexto, me posicionando no lugar de algumas personagens. Audrey Lamin, uma amiga da pós-graduação, mencionou o "baixo índice registrado pelo Ibope" e atribuiu o fato à falta de "maldades explícitas, cenas de sexo, assassinatos...". 
Talvez a sensibilidade, o amor no sentido mais amplo e abrangente da palavra, o cuidado com o outro... sejam atitudes que estão caindo em desuso, estão se tornando "fora de moda".


Gláucia Gamboni, minha prima, é mais enfática: "A melhor novela dos últimos tempos, mas, realmente uma novela que cita Heraclito de Éfeso e Guimarães Rosa é preterida em relação às que falam de violência e promiscuidade... É a real "Vida da Gente".

2 comentários:

Anônimo disse...

Essa Novela foi muito linda! Desde o começo ao fim ela mostrou a vida da gente....e o trecho do final do Heraclito e Guimaraes Rosa, mostra isso que o tempo sempre passa.

Bruno Henrique disse...

Silvana, a Globo tinha colocado no portal o vídeo com a declaração do poema, mas tiraram.

Muito bacana!

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