Como reconhecer e auxiliar crianças hiperativas na escola
Juliana Carvalho
Professora e redatora
Em minha experiência como professora, pude ajudar algumas crianças diagnosticadas como hiperativas, mas tenho percebido que nos últimos dois anos esse número vem aumentando muito, por isso decidi aprofundar minhas pesquisas sobre o assunto. Minha intenção não é fazer diagnósticos – apenas o médico está apto a isso. Mas é fundamental para nós, professores, saber quais atitudes caracterizam o comportamento hiperativo. Crianças que gostam de se expressar, que sempre estão em movimento, fazendo algo e parecem incapazes de ficar quietas muitas vezes estão apenas sendo... Crianças!
A hiperatividade, também denominada, na medicina, transtorno do déficit de atenção –TDAH, pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas podem incluir problemas de linguagem e das habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, a impulsividade e a instabilidade emocional da criança.
O TDAH pode estar relacionado à perda da visão ou audição ou a problemas de comunicação – como a incapacidade de processar símbolos adequadamente. Pode surgir também estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono. O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança.
As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, têm infinita curiosidade e forte necessidade de explorar; por isso, são extremamente propensas a se machucar e a quebrar e danificar objetos. Também são incapazes de filtrar estímulos e então se distraem facilmente. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente.
Para perceber se uma criança é realmente hiperativa, é preciso notar vários desses sintomas. Uma criança ser agitada não significa que seja portadora do TDAH. Um dos sintomas que percebi em todos os meus alunos diagnosticados como hiperativos é que eles tendem a ser muito carentes e agarrados às pessoas. Precisam de atenção e de ser tranquilizados – o que nem sempre conseguimos proporcionar no ambiente escolar. É importante perceber que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm muita dificuldade em obedecer a essas regras, mas esses comportamentos são acidentais – e não propositais.
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da dificuldade para aprender, ela é quase sempre muito inteligente e sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, não consegue se controlar. Isso pode gerar frustração, desânimo ou vergonha. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa.
Essas crianças muitas vezes se sentem isoladas dos colegas, mas não entendem por que são tão diferentes. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola ou em casa, elas podem sofrer estresse, tristeza e baixa autoestima.
É muito importante que o professor tenha auxílio de um profissional de saúde mental para apoiar seu trabalho na escola – o que infelizmente não acontece. Além disso, é essencial que todos os docentes tenham ao menos uma noção básica da doença, que saibam reconhecer os sintomas e estejam preparados para as consequências em sala de aula. Saber diferenciar incapacidade de desobediência é fundamental.
Como afirma a psicóloga Résia Morais, “um especialista em comportamento infantil pode ajudar a distinguir entre uma criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. Até mesmo as crianças menores podem correr, brincar e se agitar, felizes, durante horas sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço. Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente – e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa –, é importante que a criança receba um diagnóstico preciso”.
O site Saúde do bebê dá uma sugestão importante para os pais: “Ao tratar da criança hiperativa, sua meta é ajudá-la a fazer o melhor possível em casa, na escola e com os amigos. Lembre-se sempre de que essa criança está lutando com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. Se for preciso, explique mais de uma vez e não hesite em chamar sua atenção quando não se comportar bem”.
Não é fácil ser professor de várias crianças hiperativas na mesma sala de aula, mas espero que estas dicas ajudem a reconhecer e a auxiliar essas crianças a superar tantas dificuldades.
Leia mais:
RAMBALDI, Vanda. OTDAH na escola (matando um leão a cada dia). Disponível em:http://www.tdah.com.br/paginas/gaetah/Boletim10.htm. Acesso em 09/09/10.
PORTAL EDUCAÇÃO. Hiperatividade: 50% dos indivíduos continuam na vida adulta.Disponível em:http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/6531/hiperatividade-50-dos-individuos-continuam-na-vida-adulta. Acesso em 08/09/10.
Saúde do bebê. Disponível em:http://www.saudeinformacoes.com.br/bebe_hiperatividade.asp
MORAIS, Résia. Crianças hiperativas. Disponível em:http://www.ciaem.org.br/cult.qps/IBframe?Open FrameSet&Frame=Body&Src=%2Fcult.qps%2FRef%2FQUIS-7XBAAZ%3FEditDocument%26AutoFramed. Acesso em 09/09/10.
Publicado em 19 de outubro de 2010
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