Centenário da morte de Euclides da Cunha
15/08 - 07:00
Carlos Ferreira
Este artigo segue as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Neste ano de 2009 celebra-se o centenário da morte do escritor pré-modernista Euclides da Cunha, autor de uma das mais importantes obras da literatura brasileira, “Os Sertões”, que traçou um painel do sertão brasileiro durante a guerra de Canudos no interior da Bahia.
Conheça abaixo um pouco da vida, das obras e curiosidades da vida do escritor.
Biografia
Euclides da Cunha nasceu em Cantagalo, no Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1866. Órfão, foi criado por tias na Bahia, onde realizou seus primeiros estudos. Mais tarde, matriculou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a Escola Militar.
Positivista e republicano, atirou durante revista às tropas sua espada aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho, sendo submetido ao Conselho de Disciplina e, em 1888, saiu do Exército. Participou ativamente da propaganda republicana no jornal “O Estado de S. Paulo”.
No ano seguinte, após a proclamação da República, reingressou na Escola Superior de Guerra, onde se formou em Engenharia Militar e Ciências Naturais. Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Frederico Solon de Sampaio Ribeiro, um dos líderes da República.
Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi passou a ensinar na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1896, discordando dos rumos tomados pela República, desligou-se definitivamente do Exército. Quando surgiu a insurreição de Canudos, em 1897, Euclides escreveu dois artigos pioneiros intitulados "A nossa Vendeia" que lhe valeram um convite de “O Estado de S. Paulo” para presenciar o final do conflito. Considerava, como muitos republicanos à época que o movimento de Antônio Conselheiro tinha a pretensão de restaurar a monarquia e era apoiado pelos monarquistas residentes no país e no exterior.
De volta a São Paulo, desligou do jornal e foi chamado para planejar a construção de uma nova ponte em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo. Enquanto tocava a obra, redigiu “Os Sertões”, publicados em 1902. No ano seguinte, foi eleito membro do Instituto Histórico e Geográfico e da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Em 1905, nomeado chefe da Comissão de Reconhecimento do Alto Purus, foi enviado ao Amazonas para tratar de problemas de fronteira. No ano seguinte, retornou para o Rio de Janeiro, onde tomou posse na ABL. Tornou-se adido do gabinete do Barão do Rio Branco.
Prestou um concurso em 1809 para trabalhar no Colégio Nacional, hoje Colégio Pedro II. Ficou em segundo lugar, mas a legislação da época facultava o Presidente da República escolher entre os dois primeiros colocados, e Euclides foi nomeado professor.
Na manhã do dia 15 de agosto de 1909, ao saber que sua esposa o abandonara para ficar com o jovem tenente Dilermando de Assis, seguiu armado para a casa do militar disposto a matá-lo. Euclides, porém, foi assassinado por Dilermando e o crime ficou conhecido como "A Tragédia da Piedade". O corpo do escritor foi velado no salão da ABL e seu corpo sepultado no Cemitério São João Batista.
Obras
1902 – “Os Sertões”1907 – “Contrastes e Confrontos”1907 – “Peru versus Bolívia”1909 – “À margem da história” (póstumo)1939 – “Canudos” (diário de uma expedição) (póstumo) — Reeditado em 1967, sob o título “Canudos e inéditos”.1960 – “O rio Purus” (póstumo)1966 – “Obra Completa” (póstumo)1975 – “Caderneta de Campo” (póstumo)1976 – “Um Paraíso Perdido” (póstumo)1992 – “Canudos e outros temas” (póstumo)1997 – “Correspondência de Euclides da Cunha” (póstumo)2000 – “Diário de uma Expedição” (póstumo)
“Os Sertões”
O livro publicado em 1902 e que levou Euclides para a ABL é considerada sua principal obra. Trata-se de um depoimento dos fatos acontecido no sertão da Bahia, uma denúncia da realidade brasileira e que mostra a verdadeira condição de vida da população naquela região do país.
A obra é dividida em três partes: a terra (uma detalhada descrição da região, como a geologia, o relevo e o clima); o homem (um elaborado trabalho sobre a etnologia brasileira e as misturas de raças); e a luta (onde Euclides relata o dia-a-dia do conflito).
Assim, o escritor buscou mostrar o abandono e a forma bruta como era tratado o povo daquele lugar e expor o país totalmente diferente do que se supunha até então.
O livro foi traduzido para nove idiomas: alemão, chinês, dinamarquês, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano e sueco.
Adaptações
Se você ainda não leu nenhuma das obras de Euclides, já deve pelo menos ter visto alguma adaptação de seus textos para o cinema, televisão ou teatro.
A mais famosa delas é o filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de 1964, dirigido por Glauber Rocha e com músicas de Villa-Lobos. O longa, que contava com atores como Geraldo Del Rey, Yoná Magalhães, Maurício do Valle e Othon Bastos, foi vencedor de vários prêmios.
O conflito no interior da Bahia também foi contado no longa “Guerra de Canudos”, de 1997, do diretor Sérgio Rezende, e que tinha no elenco os atores globais Cláudia Abreu, José Wilker, Paulo Betti, Marieta Severo, Selton Mello, Roberto Bomtempo e Tonico Pereira.
Para a televisão, Glória Perez escreveu a minissérie “Desejos”, uma versão romanceada da vida de Euclides da Cunha. A produção foi ao ar em 1990 na Rede Globo e tinha em seu elenco Tarcísio Meira, no papel do escritor, Vera Fischer como Ana de Assis, e Guilherme Fontes como Dilermando.
Suas obras ainda serviram de base para várias peças no teatro e até mesmo para uma ópera.
Na web
Para a celebração do centenário da morte de Euclides da Cunha, a Academia Brasileira de Letras disponibilizou uma página na internet com diversas informações sobre o escritor.
No site é possível encontrar a bibliografia completa entre livros, correspondências, artigos em periódicos e iconografia, cronologia de sua vida, e até o discurso de sua posse na ABL.
Também consta no site referências de críticas e teses sobre sua vida e obra e um link para o download de “Os Sertões”.
Veja também:
- Cem anos sem Euclides da Cunha - Lembrando Euclides
Leia mais sobre: Euclides da Cunha
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Fonte: http://educacao.ig.com.br/noticia/2009/08/15/centenario+da+morte+de+euclides+da+cunha+7885925.html
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