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quinta-feira, junho 03, 2010

  Professores despreparados

27 de maio de 2010 | 0h 00




Por falta de docentes qualificados em disciplinas muito específicas, a rede pública de ensino básico do Estado de São Paulo anunciou que terá de continuar utilizando professores temporários em 2011. A informação revela as dificuldades que as autoridades educacionais paulistas vêm enfrentando para tentar melhorar a qualidade da educação fundamental e média, mediante o aumento do número de professores selecionados em concurso público pelo critério de mérito.
Dos 181 mil docentes temporários que se submeteram a um exame de avaliação preparado pela Unesp e aplicado em dezembro de 2009, cerca de 88 mil não alcançaram a nota mínima para lecionar. Ou seja, quase metade dos candidatos foi reprovada, não tendo acertado metade das 80 questões. Isso deixa claro por que a categoria se recusou a ser avaliada quando a medida foi adotada pelo então governador José Serra, em 2008.
No último concurso de ingresso para o magistério público, os resultados foram tão decepcionantes quanto os da prova de avaliação dos docentes temporários. Dos 261 mil inscritos, apenas 52.839 ? 22,8% do total ? conseguiram obter a nota mínima de aprovação. Na disciplina de artes, 82% dos 13.003 candidatos foram reprovados. E, dos 29.519 docentes que disputaram as vagas de educação física, 78,8% não obtiveram a nota mínima.
Em língua portuguesa, a taxa de aprovação foi 18,1%. Em biologia, ela foi de 20,4%; em história, atingiu 23,4%; em geografia, 32,3%; e em química, 33,2%. São médias muito baixas, que revelam a má qualidade dos cursos de licenciatura. Eles despejam anualmente no mercado milhares de bacharéis sem preparo teórico e sem treinamento pedagógico para lecionar na área em que se especializaram, o que é absurdo. Que tipo de atividade didática esperar de quem não conhece a disciplina que pretende ensinar?
A taxa mais alta de aprovação foi em inglês, onde 43,6% dos candidatos obtiveram a nota mínima de aprovação. As situações consideradas críticas pelas autoridades educacionais ocorreram nas disciplinas de matemática e de física. Em matemática foram reprovados 89,3% dos 27.308 professores que participaram do concurso de ingresso. E, em física, a reprovação foi de mais de 93%, motivo pelo qual só puderam ser preenchidos 304 dos 941 cargos levados a concurso. Por causa disso, a Secretaria da Educação terá de fazer o que não queria: convocar temporários, para evitar falta de professores da disciplina nos colégios estaduais.
Como as autoridades educacionais já estimavam que fosse baixo o nível médio de preparo dos candidatos ao magistério público, os candidatos aprovados passarão por uma Escola de Formação de Professores, entre agosto e novembro. Depois do curso, esses professores terão de se submeter a um novo exame e somente os que forem aprovados lecionarão na rede escolar pública, a partir de 2011.
Dependendo dos resultados dessa prova, a Secretaria da Educação poderá ter de chamar um número ainda maior de docentes temporários, em 2011. Isso seria um retrocesso na política de melhoria da qualidade do ensino público no Estado.
Para sair desse círculo vicioso há duas estratégias complementares. A primeira é de alçada do governo estadual e consiste em investir na formação continuada do professorado, como prevê a lei que obriga os docentes da rede escolar estadual a cursar uma Escola de Formação, antes de assumir uma sala de aula, e que autoriza o governo a conceder bolsas de estímulo para o professor que fizer cursos de especialização e atingir metas prefixadas.
A segunda estratégia é de alçada da União e consiste em cobrar mais rigor dos cursos de licenciatura e criar um padrão mínimo de qualidade para que possam continuar funcionando. Como estes são baratos, uma vez que os gastos são apenas com giz e biblioteca, foi por meio deles que a iniciativa privada se expandiu no âmbito do ensino superior, a partir da década de 1990. Eles cobram mensalidades baixas, mas são muito fracos, o que sobrecarrega as Secretarias da Educação com atividades de formação e treinamento. 
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Segunda-feira, 31 maio de 2010

OPINIÃO
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Como professores despreparados podem dar aulas?

O meritório projeto do governo do Estado de São Paulo de substituir gradativamente professores temporários por concursados, para aprimorar o nível da educação fundamental e média, pode dar com os burros n’água por culpa das deficiências notórias e de complexa solução na formação deles. Para 2011 esses planos terão de ser alterados por faltarem docentes qualificados em disciplinas fundamentais.

É possível argumentar, e não deixa de haver alguma razão, que essa troca está sendo apenas adiada e, assim que houver disponibilidade destes, ela poderá ser feita. A melhora do ensino ministrado nas escolas públicas estaduais paulistas demanda ação rápida, rigorosa e competente, mas demanda também um prazo muito longo. A incompetência dos substitutos aos quais a Secretaria Estadual da Educação é forçada a recorrer para não ter de paralisar o calendário letivo pode ser constatada em números impressionantes: dos 181 mil temporários submetidos a um teste de avaliação preparado pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e aplicado em dezembro de 2009 cerca de 88 mil não conseguiram a nota mínima para lecionar. Quase metade deles não acertou metade das 80 questões do exame. O resultado mostra a dimensão do problema a ser enfrentado pelas autoridades estaduais do ensino e também explica por que a Apeoesp, sindicato da categoria controlado pelo PT, resiste de maneira intransigente à avaliação imposta pelo ex-governador José Serra (PSDB) em 2008.

A dificuldade em substituir esses temporários despreparados por colegas cujo preparo para ministrar aulas seja atestado em concursos públicos justifica a meia volta que o governador Alberto Goldman (PSDB) teve de fazer por não poder cumprir o que havia sido determinado por seu antecessor. No último concurso de ingresso para o magistério público, dos 261 mil inscritos apenas 55.839 – cerca de 22,8% do total – alcançaram a nota mínima de aprovação. Esses números expõem a baixíssima qualidade dos cursos de licenciatura para a formação do professorado disponíveis no Estado mais rico e populoso da Federação. Os bacharéis diplomados simplesmente não possuem preparo teórico nem treinamento pedagógico para lecionar as matérias em que são formados.

Assim sendo, praticamente não há o que fazer num curto período. Mas o governo paulista já precisa começar a agir agora para enfrentar o problema a médio e longo prazos. Urge investir na formação continuada dos docentes, exigindo de quem se candidata a dar aulas cursar uma Escola de Formação. E começar desde já a distribuir bolsas de estímulo para professores que se especializem. O Estado deve também perseverar na exigência que tem feito às escolas para cumprirem metas prefixadas.

Esse esforço, porém, só terá êxito se houver apoio do governo federal, ao qual cabe ser mais rigoroso na cobrança do nível dos cursos de licenciatura, deles exigindo um padrão mínimo de qualidade, sob pena de, não o alcançando, fecharem as portas.

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Fonte: 



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