Opinião: Em vez de se lamentar, aluno da rede pública deve acreditar em si
Aprovação de vestibulandos em faculdades públicas serve de exemplo.
Sucesso depende de cada um e do quanto se está disposto a lutar por ele.
(Arte/G1)
Muito se discute sobre a qualidade do ensino das escolas públicas de nível fundamental e médio. Geralmente, em comparação com as instituições pagas (nem todas, é certo), elas são consideradas inferiores. E aqueles que as frequentam estariam, a princípio, fadados a um futuro pior, sem grandes possibilidades de ter uma vida com boas condições sociais e financeiras.
Em outras palavras, não teriam muita sorte: nasceram em famílias com limitações e perpetuariam sua história.
Com certeza, as características de onde se nasce e vive podem facilitar as coisas. A vida, no entanto, não é uma questão de sorte ou azar. É mais que isso: ela depende de um esforço e empenho pessoais para que as coisas aconteçam e se obtenha sucesso.
Exemplos
Neste ano, tivemos alguns exemplos de pessoas que, apesar de condições pouco favoráveis, conseguiram com seu esforço próprio, aliado ao estímulo familiar, começar a fazer uma mudança em sua história. Vieram de um meio socioeconômico mais limitado, estudaram em escolas públicas, mas foram aprovados em vestibulares de instituições públicas do país, em carreiras bastante concorridas.
É o caso de Priscila Bezerra da Silva, manicure, que, após tentar seis anos, conseguiu uma vaga de mecânica de projeto na Fatec, em São Paulo. Ou de Ada Geralda da Silva, que por quatro anos buscou uma vaga de engenharia em uma faculdade pública e foi aprovada, estudando por conta própria.
De Pernambuco, temos o exemplo de Jonas Lopes da Silva, que de cortador de cana entrou no vestibular de medicina, eliminando 34 concorrentes. Insistiu em seu sonho por quatro anos, quando trabalhava para pagar os estudos.
Com certeza, há outros exemplos, mas esses são os que chegaram ao conhecimento do público. São pessoas que não se curvaram ao seu destino ou ficaram lamentando a “má sorte”. Pelo contrário, arregaçaram as mangas e acreditaram que podiam fazer diferente. Tiveram paciência, não desanimaram nos primeiros obstáculos e foram em frente.
Os exemplos citados, de nenhum modo, fazem perder de vista a necessidade de uma mudança nas escolas públicas. Mas quem disse que estudar em escola particular de boa qualidade garante a alguém obter os resultados que esses três jovens obtiveram?
Tudo na vida demanda um esforço pessoal, mesmo que as condições que se tem sejam boas. Há pessoas que fazem um bom colégio, estudam nos melhores cursinhos, não precisam trabalhar e demoram tanto quanto esses jovens para entrar numa boa faculdade pública ou nunca entram.
Talvez esteja na hora de muitos pararem de se lamentar e achar que a culpa pelo fracasso seja do outro, principalmente da escola ou de alguma entidade superior. O sucesso depende de cada um e do quanto se está disposto a lutar por ele.
Isso implica em sermos críticos e lutarmos por melhores condições no mundo. Como uma escola pública de qualidade.
Parabéns a esses jovens que não têm medo de lutar e as suas famílias que os apoiaram.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
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Fonte: http://g1.globo.com/
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