26/02/2010 - 08h54
Procurador pede mais envolvimento da sociedade para acabar com trotes violentos
Ana Okada
Em São Paulo
*Atualizada às 10h19
É necessário mais envolvimento da sociedade para acabar com os trotes violentos, como o ocorrido na última segunda-feira (22), em Barretos (SP). Essa é a opinião de Jefferson Aparecido Dias, procurador regional dos direitos do cidadão. Ele é autor de recomendação publicada em setembro do ano passado, que pedia às universidades do Estado de São Paulo que coibissem a aplicação de trotes violentos.
"O envolvimento é importante tanto para evitar quanto para tomarmos posições mais severas, não dá para passar a mão na cabeça do aluno. Casos que são crime têm que ser sancionados, não dá para ser tratado diferente de um crime", diz.
A recomendação foi feita com base em quatro casos ocorridos no ano passado. Após o lançamento do documento, apenas duas ocorrências de trotes violentos foram registradas: a de Barretos e a de Fernandópolis, no início do mês. "Esse ano estava indo bem, porque só havia um caso, mas agora surgiu o de Barretos. Confesso que fico bastante entristecido", afirma o procurador.
O texto pede a prevenção e a repressão deste tipo de trote, caso venha a ocorrer. Para tanto, o MPF (Ministério Público Federal) em São Paulo cobrou das universidades do Estado que providenciassem medidas de segurança contra a violência e desenvolvessem campanhas de orientação sobre o trote violento. Caso esse tipo de trote ocorra, o documento pede que as instituições punam os responsáveis e comuniquem a Procuradoria da República acerca das medidas adotadas.
Segundo Dias, a maioria das instituições de ensino superior se comprometeu a prevenir a prática, enviando para as respectivas procuradorias cópias de folhetos e campanhas de orientação para prevenir a violência em trotes. Não há, no entanto, um instrumento que fiscalize, de perto, os trotes das faculdades. "Em Marília, pedi para um servidor da procuradoria acompanhar a matrícula e a primeira semana de aula dos calouros, mas nas cidades grandes isso é impossível. Por isso, contamos bastante com denúncias de familiares e alunos", explica.
Barretos
Os dois agressores responsáveis pelo trote violento aos sete calouros de Barretos (SP), devem depor sobre o ocorrido na delegacia de Jaborandi, na região de Ribeirão Preto, até sexta-feira (26).
Ronier Jorge Ferreira da Silva, de 30 anos, e Patrick Adriano de Souza, de 23, registraram boletim de ocorrência na delegacia de Jaborandi, por lesão corporal dolosa. Eles e outros cinco estudantes do Unifeb (Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos) foram agredidos com uma substância, supostamente creolina, que causou queimaduras na pele. Os outros preferiram não registrar a ocorrência.
Os autores do trote são os veteranos Dionatan Kavamoto, de 20 anos, e Felipe Ferreira Troques Dib, de 24. O produto usado no trote foi levado por Dib e Kavamoto jogou o produto nos novatos.
O delegado Celso Spadacio, do 2º Distrito Federal de Barretos, vai esperar o laudo do IML, de corpo de delito dos calouros, e os depoimentos dos agressores para decidir o que fará. Se as lesões forem graves, o inquérito deverá ser aberto. Caso contrário, o caso será encaminhado ao Ministério Público para avaliação.
Além disso, apesar do trote ter sido fora do campus da Unifeb, o Conselho Universitário da instituição analisará o caso e os responsáveis poderão ser advertidos ou até expulsos, segundo o reitor Álvaro Fernandez Gomes. Em seusite, a instituição colocou à disposição dos alunos um canal para denúncias de abusos em trotes.
*Com informações da Agência Estado
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