Sol tomou tremenda vaia em Fortaleza
{janeiro de 2010}
Início dos anos 1940. O Ceará vivia uma das mais duras secas de sua história. Mas, em 30 de janeiro de 1942, houve quem chorou ao abrir a janela. O céu de Fortaleza estava completamente coberto por nuvens negras. A população saiu às ruas para comemorar as primeiras gotas, que logo se transformaram num belo temporal.
A chuva, porém, começou a cessar. Quando os primeiros raios de sol apareceram entre as nuvens, um cidadão que estava na praça do Ferreira, no centro da cidade, não hesitou: voltou-se para o astro rei, pôs as mãos em torno da boca e começou a vaiar. A atitude contagiou dezenas de pessoas ao redor, que prontamente soltaram uma tremenda vaia contra o Sol. Um repórter que estava no local registrou o acontecimento e a “derrota” do povo. “Mas afinal o velho Rei das alturas venceu, botando todo o corpo vermelho para fora das nuvens e dispersando os vaiadores.”
Em janeiro de 2009, em homenagem ao episódio que ficou conhecido como
A Grande Vaia, o gesto se repetiu na praça do Ferreira. De acordo com a Prefeitura, daqui pra frente, todo 30 de janeiro o Sol não terá mais paz na cidade.
VEJA A NOTÍCIA DA ÉPOCA:
Chuva grossa esta manhã em Fortaleza
Publicado no Jornal O Povo, 30 de janeiro de 1942
Muito cedo, hoje, Fortaleza recebeu um batismo salutar de chuvas, numa demonstração auspiciosa da chegada do Inverno. O inverno é a vida do Ceará, é a ressurreição da terra comburida, é a verdura dos campos, enfim, é a bonança para todo o Estado.
Apesar do impedimento de sair de casa a que muita gente foi submetida, podia-se notar nas fisionomias de todos a alegria espontânea que a chuva matinal de hoje provocava. Algumas casas abriram mais tarde e o repórter d’O POVO chegou atrasado à redação. Mas não foi preciso nenhum “memorandum da Central” para desculpas, como na canção carnavalesca. A chuva forte era mais que suficiente justificação para o atraso.
Um fato curioso presenciou o repórter, quanto, esgueirando-se pelas calçadas molhadas, procurava atingir o “setor” da redação d’O POVO. Um grupo numeroso de pessoas, logo depois de passada a chuva, se aglomerava em certo trecho de rua, usualmente bem movimentado. Quando o sol, tão bravo nestes últimos dias, ia conseguindo varar as grossas
nuvens, lá no alto, num esforço desesperado para aparecer, os alegres circunstantes, olhando para o alto e apontando, começaram uma demonstração estrondosa, vaiando o astro vencido e apagado, naquele momento, num grito uníssono de várias bocas. Mas, afinal, o velho Rei das alturas venceu, botando todo o corpo vermelho para fora das nuvens e dispersando os vaiadores.”
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Fonte:http://www.almanaquebrasil.com.br/voce-sabia/sol-tomou-tremenda-vaia-em-fortaleza/
Apesar do impedimento de sair de casa a que muita gente foi submetida, podia-se notar nas fisionomias de todos a alegria espontânea que a chuva matinal de hoje provocava. Algumas casas abriram mais tarde e o repórter d’O POVO chegou atrasado à redação. Mas não foi preciso nenhum “memorandum da Central” para desculpas, como na canção carnavalesca. A chuva forte era mais que suficiente justificação para o atraso.
Um fato curioso presenciou o repórter, quanto, esgueirando-se pelas calçadas molhadas, procurava atingir o “setor” da redação d’O POVO. Um grupo numeroso de pessoas, logo depois de passada a chuva, se aglomerava em certo trecho de rua, usualmente bem movimentado. Quando o sol, tão bravo nestes últimos dias, ia conseguindo varar as grossas
nuvens, lá no alto, num esforço desesperado para aparecer, os alegres circunstantes, olhando para o alto e apontando, começaram uma demonstração estrondosa, vaiando o astro vencido e apagado, naquele momento, num grito uníssono de várias bocas. Mas, afinal, o velho Rei das alturas venceu, botando todo o corpo vermelho para fora das nuvens e dispersando os vaiadores.”
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Fonte:http://www.almanaquebrasil.com.br/voce-sabia/sol-tomou-tremenda-vaia-em-fortaleza/
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