17/01/2010 - Gazeta do Povo (PR)
Educação básica é solução mais eficaz
Os motivos para a escassez de trabalhadores qualificados variam conforme o setor. Dependendo da fonte, fala-se da má qualidade dos profissionais que saem das faculdades, da escassez ou da má formulação de cursos técnicos e programas públicos e até do aparente desinteresse dos jovens por certas profissões
Os motivos para a escassez de trabalhadores qualificados variam conforme o setor. Dependendo da fonte, fala-se da má qualidade dos profissionais que saem das faculdades, da escassez ou da má formulação de cursos técnicos e programas públicos e até do aparente desinteresse dos jovens por certas profissões. Mas a origem do problema é muito mais profunda, avalia o professor de Economia Naercio Aquino Menezes Filho, da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). “A vasta maioria da população brasileira sai da Escola sem saber fazer cálculos básicos e interpretar textos simples. Naturalmente, isso compromete todas as etapas posteriores.”
Nesse contexto, a medida mais eficiente é o investimento na Educação básica, diz Amilton Moretto, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp. Segundo ele, a demanda por mão de obra varia conforme o momento econômico, o que dificulta o planejamento de programas de treinamento para setores específicos. Um exemplo é o dos pedreiros: a atual dificuldade em encontrar trabalhadores capacitados tem origem nas mais de duas décadas de estagnação da construção civil, que desestimulou a formação de novos profissionais.
“A solução é melhorar a Educação básica até o fim do ensino médio”, diz Moretto. “Um trabalhador com boa Escolaridade tem mais flexibilidade para aprender coisas novas e transitar de uma ocupação para outra, conforme a necessidade do mercado.”
A longa crise da construção civil tam¬¬bém achatou os salários dos engenheiros, que, aproveitando-se da flexibilidade permitida por seus conhecimentos, migraram para áreas como a administração de empresas e o mercado financeiro. Hoje, a percepção é que o maior “apagão” de mão de obra está exatamente na área da engenharia. E não é só a construção civil que precisa deles; seus projetos também são demandados em setores como automação, telecomunicações, petroquímica, siderurgia, mineração, alimentos e outras.
“Estão faltando engenheiros? Sim. Em áreas específicas como en¬¬genharia de tráfego, é quase impossível encontrar. Mas, pela remuneração que está oferecendo, ainda muito baixa, o mercado realmente não vai encontrar o que procura”, argumenta Álvaro Cabrini Júnior, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-PR). Valter Fanini, presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, diz que há mais de 40 mil profissionais de engenharia registrados no estado, mas que no máximo 16 mil atuam na área, como empregados ou autônomos. “São mais de 20 mil exercendo outras profissões. Se a economia crescer em média 5% ao ano, em dois ou três anos vão faltar engenheiros. Mas não será por falta de diplomados.”
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